Os novos cálculos, realizados pelo astrônomo Pieter van Dokkum, da Universidade de Yale, colocam em dúvida um dos pontos-chave que os cientistas geralmente usam ao fazer estas estimativas, o de que a maioria das galáxias tem características parecidas com a nossa Via Láctea.
Isso porque grande parte da compreensão que temos do Universo tem por base observações feitas dentro da nossa galáxia e que depois são extrapoladas para as outras.
Van Dokkum focou seu estudo nas chamadas anãs vermelhas, pequenas estrelas com cerca de um quinto do tamanho do Sol e que queimam mais lentamente, brilhando menos mas por bem mais tempo do que as estrelas maiores.
Na estimativa anterior, os cientistas presumiram que todas as galáxias teriam mais ou menos a mesma proporção de anãs vermelhas que a Via Láctea, que é uma galáxia espiral.
O problema é que aproximadamente um terço das galáxias do Universo são elípticas, que teriam uma composição bem diferente das galáxias espirais, afirma o astrônomo.
Usando o telescópio Keck, no Havaí, Van Dokkum analisou oito galáxias elípticas distantes e descobriu que elas têm mais estrelas anãs, muitas mais.
- Estamos vendo de 10 a 20 vezes mais estrelas - diz o astrônomo, que assim elevou as estimativas para o número de estrelas no Universo dos anteriores 100 sextilhões para 300 sextilhões.
A afirmação de Van Dokkum, no entanto, não tem agradado muitos astrônomos, que preferem imaginar o Universo como um lugar mais ordenado e homogêneo, conta Richard Ellis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Segundo ele, o estudo de Van Dokkum dá crédito "à ideia de que o Universo é mais complicado do que imaginamos". Ele admite, no entanto, que os cálculos fazem sentido.
Sua principal fraqueza seria o fato de Van Dokkum presumir que a composição química das estrelas anãs é a mesma tanto nas galáxias elípticas quanto nas espirais, o que pode não ser verdade, aponta Ellis.
Mesmo assim, responde Van Dokkum, a proporção de estrelas anãs nas galáxias elípticas ainda seria cinco vezes maior do que o antes pensado pelos cientistas.
Fonte: O Globo Online
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