Como provas, os cientistas mostram que três chimpanzés fêmeas colocadas na frente de dois cursores completamente idênticos são capazes de identificar na tela de um computador qual dos dois podem controlar com o mouse.
Muitos cientistas já haviam falado sobre a capacidade de certos animais, em particular os grandes símios, de se reconhecer em um espelho.
A prova mais utilizada é pintar uma marca em seu corpo que não pode ser vista, se não se olharem no espelho, observando-se, também, se tentam apagá-la ou não.
O teste do espelho provava as capacidades cognitivas dos macacos, mas a controvérsia persistia sobre os mecanismos que os permitiam identifiar a si mesmos, dada a impossibilidade de compará-los com os dos humanos.
Nos humanos, a capacidade de se reconhecer como agente independente, com efeito sobre o entorno, procede sobretudo da capacidade de relacionar o resultado esperado de uma ação com o resultado efetivamente produzido.
Por exemplo, em um jogo de videogame no qual participam vários jogadores, esta faculdade permite a cada jogador determinar rapidamente qual personagem controla entre os que se movem na tela.
Isto pressupõe uma capacidade de prever os efeitos de suas próprias ações, de comparar os efeitos das próprias ações com os resultados obtidos e de deduzir que "sou eu quem controla isso", afirmam os autores da pesquisa.
Os chimpanzés submetidos ao teste do espelho conseguem se reconhecer e apagar a pintura em sua pele inclusive se sua imagem for deformada por espelhos côncavos ou convexos, o que sugere que esta consciência de si próprios remete mais à análise de suas ações do que à de seu reflexo.
Mas alguns cientistas consideram que isto não prova que os macacos tenham uma "consciência de si mesmos", já que alguns símios poderiam simplesmente ter aprendido a associar determinada ação com um resultado específico.
Para dissipar as dúvidas, dois especialistas japoneses em primatas, Takaaki Kaneko e Masaki Tomonaga, da Universidade de Tóquio, tentaram saber se os chimpanzés conseguem diferenciar as ações originadas por eles e os acontecimentos idênticos, mas que escapam totalmente ao seu controle.
Assim, três fêmeas foram treinadas para que pudessem movimentar um cursor em uma tela com um mouse.
Uma vez familiarizadas com a utilização desta ferramenta, apareceram na tela dois cursores de tamanho, forma e cor idênticos: um controlado pelo mouse, o outro por uma simples gravação do cursor movimentado pelo mesmo animal em dias anteriores.
Ou seja, a única maneira de que o chimpanzé pudesse identificar o cursor que ele controlava era confrontar sua ação com o resultado percebido na tela.
Segundo os cientistas japoneses, os testes são conclusivos e demonstram que os chimpanzés analisam os efeitos de suas ações sobre o mundo exterior.
Testes complementares indicam, inclusive, que integram uma dimensão ao mesmo tempo espacial e temporal nesta análise.
"Os resultados sugerem que os chimpanzés e os humanos compartilham os mesmos processos cognitivos fundamentais", concluem os cientistas.
Fonte: Terra
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