Estátuas mostram como os neandertais teriam se parecido, em museu alemão: nova polêmica com data de extinção
Conjunto de ferramentas de 33.000 anos reacende debate sobre data da extinção do parente mais próximo do homem moderno.
Há décadas pesquisadores se perguntam por quanto tempo os Neandertais, os parentes mais próximos do homem moderno, coexistiram com ele antes de sumirem da face da Terra há cerca de 40.000 anos.
Um artigo publicado no periódico científico Science nesta quinta-feira 12, reacende o debate de quando realmente a extinção ocorreu e por que.
Um grupo liderado por Ludovic Slimak, do Centro Nacional para Pesquisa Científica em Toulouse, na França, descobriu um conjunto de ferramentas nas Montanhas Urais, no extremo norte da Rússia com cerca de 33.000 anos feitas no estilo usado por hominídeos mais primitivos que o Homo sapiens, como os Neandertais.
“A descoberta foi muito surpreendente. O sítio arqueológico de Byzovaya revela traços claros da cultura Mousteriana [associadas aos Neandertais] 7.000 a 8.000 anos após ela ter desaparecido do resto do planeta. Além disso, o sítio está perto do Ártico bem mais ao norte do que qualquer outra cultura Mousteriana já encontrada, cruzando os limites geográficos conhecidos em mais de 1.000 quilômetros”, afirmou Slimak ao iG.
E completou: “Essas descobertas desafiam o que acreditávamos sobre esta cultura e tem um impacto direto e profundo no nosso entendimento sobre a extinção de suas sociedades.”
O sítio arqueológico de Byzovaya não contém ossos, apenas ferramentas, o que coloca duas hipóteses na mesa: a primeira de que os Neandertais duraram mais do que o anteriormente imaginado e a segunda de que o Homo sapiens preservou as tecnologias mais antigas muito tempo depois que novas ferramentas já haviam surgido.
“A descoberta é tão surpreendente que é melhor manter a mente aberta para qualquer uma delas”, afirmou Slimak.
Um ponto, no entanto, é certo. “Esta é mais uma descoberta interessante que mostra o mosaico de processos envolvidos na dispersão humana no Pleistoceno [entre 1,8 milhão e 11 mil anos atrás]. Por tempo demais tivemos um modelo simplista da substituição humana e de uma transição linear no Paleolítico Médio e Superior [entre 300 mil e 10 mil anos atrás].”, explicou ao iG Clive Finlaynson, biólogo e líder das escavações de Neandertais no território de Gibraltar, no extremo sul da Península Ibérica, e que não esteve envolvido com o estudo da Science.
A falta de ossos de hominídeos faz com que qualquer conclusão definitiva não seja aceita pelos especialistas, mas Finlaynson tem um ponto de vista bastante objetivo.
“Estou confiante de que estes [objetos] mousterianos (na falta de fortes evidências em contrário) não foram feitos por humanos modernos. Isto deixa os neandertais, denisovanos, ou outros personagens desconhecidos como seus fazedores.”, afirmou ele.
Para complicar ainda mais o cenário no início desta semana o periódico científico PNAS publicou um outro estudo que afirma que os Neandertais foram extintos quase instantaneamente ao entrarem em contato com os humanos no Leste Europeu há 44 mil anos.
Os pesquisadores não sabem explicar o motivo, mas uma das hipóteses é que humanos modernos eram intelectualmente e tecnologicamente superiores aos Neandertais.
Colonizar, porém, um local como o extremo norte da Rússia, como descrito no artigo da Science, não é uma tarefa simples.
Ela exige uma organização social e habilidades técnicas que permitam sobreviver em um dos ambientes mais inóspitos do planeta.
“A descoberta claramente desafia as teorias relacionadas aos neandertais, de que eles se extinguiram devido à inferioridade tecnológica ou inabilidade de lidar com questões ambientais ou climáticas”, afirmou Slimak.
E se alguém achar ainda que a história da evolução dos hominídeos não está tão complicada assim, em 2010 foi descoberto na caverna de Denisova, na Sibéria, um osso (a ponta de um dedo) e um dente quebrado de um homem diferente.
Batizado de denisovano pelos pesquisadores, ele viveu há 40 mil anos e evoluiu de forma independente dos humanos modernos durante milhares de anos antes de sumir da face da Terra.
Antes disso, no entanto, cruzou com o homem moderno e 5% do DNA dos habitantes da Papua Nova-Guiné é denisovano. “O cenário existente naquela época era muito complexo. O mundo do Pleistoceno não era feito apenas de neandertais e humanos”, afirmou Finlaynson.
Em 2010, também foi decifrado o genoma do Neandertal e constatou-se que ele e os humanos modernos tiveram descendentes.
Consequentemente parte da população do planeta, neste caso europeus e asiáticos, carregam até 4% de DNA do primo humano mais próximos em seus corpos.
O quebra-cabeças está longe de ser resolvido.
Fonte: IG
Um artigo publicado no periódico científico Science nesta quinta-feira 12, reacende o debate de quando realmente a extinção ocorreu e por que.
Um grupo liderado por Ludovic Slimak, do Centro Nacional para Pesquisa Científica em Toulouse, na França, descobriu um conjunto de ferramentas nas Montanhas Urais, no extremo norte da Rússia com cerca de 33.000 anos feitas no estilo usado por hominídeos mais primitivos que o Homo sapiens, como os Neandertais.
“A descoberta foi muito surpreendente. O sítio arqueológico de Byzovaya revela traços claros da cultura Mousteriana [associadas aos Neandertais] 7.000 a 8.000 anos após ela ter desaparecido do resto do planeta. Além disso, o sítio está perto do Ártico bem mais ao norte do que qualquer outra cultura Mousteriana já encontrada, cruzando os limites geográficos conhecidos em mais de 1.000 quilômetros”, afirmou Slimak ao iG.
E completou: “Essas descobertas desafiam o que acreditávamos sobre esta cultura e tem um impacto direto e profundo no nosso entendimento sobre a extinção de suas sociedades.”
O sítio arqueológico de Byzovaya não contém ossos, apenas ferramentas, o que coloca duas hipóteses na mesa: a primeira de que os Neandertais duraram mais do que o anteriormente imaginado e a segunda de que o Homo sapiens preservou as tecnologias mais antigas muito tempo depois que novas ferramentas já haviam surgido.
“A descoberta é tão surpreendente que é melhor manter a mente aberta para qualquer uma delas”, afirmou Slimak.
Um ponto, no entanto, é certo. “Esta é mais uma descoberta interessante que mostra o mosaico de processos envolvidos na dispersão humana no Pleistoceno [entre 1,8 milhão e 11 mil anos atrás]. Por tempo demais tivemos um modelo simplista da substituição humana e de uma transição linear no Paleolítico Médio e Superior [entre 300 mil e 10 mil anos atrás].”, explicou ao iG Clive Finlaynson, biólogo e líder das escavações de Neandertais no território de Gibraltar, no extremo sul da Península Ibérica, e que não esteve envolvido com o estudo da Science.
A falta de ossos de hominídeos faz com que qualquer conclusão definitiva não seja aceita pelos especialistas, mas Finlaynson tem um ponto de vista bastante objetivo.
“Estou confiante de que estes [objetos] mousterianos (na falta de fortes evidências em contrário) não foram feitos por humanos modernos. Isto deixa os neandertais, denisovanos, ou outros personagens desconhecidos como seus fazedores.”, afirmou ele.
Para complicar ainda mais o cenário no início desta semana o periódico científico PNAS publicou um outro estudo que afirma que os Neandertais foram extintos quase instantaneamente ao entrarem em contato com os humanos no Leste Europeu há 44 mil anos.
Os pesquisadores não sabem explicar o motivo, mas uma das hipóteses é que humanos modernos eram intelectualmente e tecnologicamente superiores aos Neandertais.
Colonizar, porém, um local como o extremo norte da Rússia, como descrito no artigo da Science, não é uma tarefa simples.
Ela exige uma organização social e habilidades técnicas que permitam sobreviver em um dos ambientes mais inóspitos do planeta.
“A descoberta claramente desafia as teorias relacionadas aos neandertais, de que eles se extinguiram devido à inferioridade tecnológica ou inabilidade de lidar com questões ambientais ou climáticas”, afirmou Slimak.
E se alguém achar ainda que a história da evolução dos hominídeos não está tão complicada assim, em 2010 foi descoberto na caverna de Denisova, na Sibéria, um osso (a ponta de um dedo) e um dente quebrado de um homem diferente.
Batizado de denisovano pelos pesquisadores, ele viveu há 40 mil anos e evoluiu de forma independente dos humanos modernos durante milhares de anos antes de sumir da face da Terra.
Antes disso, no entanto, cruzou com o homem moderno e 5% do DNA dos habitantes da Papua Nova-Guiné é denisovano. “O cenário existente naquela época era muito complexo. O mundo do Pleistoceno não era feito apenas de neandertais e humanos”, afirmou Finlaynson.
Em 2010, também foi decifrado o genoma do Neandertal e constatou-se que ele e os humanos modernos tiveram descendentes.
Consequentemente parte da população do planeta, neste caso europeus e asiáticos, carregam até 4% de DNA do primo humano mais próximos em seus corpos.
O quebra-cabeças está longe de ser resolvido.
Fonte: IG
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