sexta-feira, 22 de julho de 2011

Leões atacam mais humanos logo após o fim da Lua cheia


A Lua está saindo da fase cheia? Então é melhor tomar cuidado com os leões, principalmente se decidir fazer um passeio noturno pelo Sudeste da Tanzânia.

Pesquisa liderada por Craig Packer, especialista em leões da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade de Minnesota, nos EUA, mostrou que, embora a luz da Lua limite o sucesso dos animais na captura de presas de quatro patas, o último dia da Lua cheia indica o começo de uma temporada de caça a seres humanos.

Isso porque, a partir deste dia, o satélite não aparece no céu até a alta madrugada, e nas áreas rurais onde os leões têm nas pessoas uma fonte de comida, os animais famintos buscam recuperar as refeições perdidas ao longo da semana de noites mais claras.

O estudo, publicado na edição desta quarta-feira do periódico científico eletrônico PloS One, saiu de um levantamento de cerca de 500 ataques de leões a moradores de vilas na Tanzânia registrados entre 1988 e 2009.

Mais de dois terços deles foram fatais e terminaram com as vítimas na barriga dos animais. A grande maioria foi atacada entre o crepúsculo e as 22h, horário em que os humanos ainda estão bastante ativos, em noites que a Lua já estava começando a sua fase minguante.

De modo geral, os leões são mais bem-sucedidos quando caçam sob a proteção da escuridão, que os permite surpreender as presas.

Em reservas como a do Serengeti, eles se alimentam melhor nas noites sem Lua. A análise dos dados também mostrou que o número de ataques a pessoas cai durante a estação chuvosa, quando a Lua tende a estar encoberta pelas nuvens.

Observando os registros dos casos, Packer reconheceu um padrão, com sua incidência durante a primeira fase do satélite, quando há muito luar durante as noites, atingindo um terço da verificada na segunda fase, quando há pouco ou nenhum luar.

- Desta forma, as pessoas começam com um risco moderado nos primeiros quatro dias, em que a Lua está pequena e se põe logo depois do pôr-do-sol – explica Packer.

- A partir daí, o risco cai, com a Lua ficando cada noite mais brilhante e com muito poucos ataques bem antes dela estar cheia. E então temos um pico no risco, com os leões famintos operando na escuridão pelo resto do ciclo lunar. Este pico após a Lua cheia, no entanto, é restrito às relativamente poucas horas de escuridão completa antes que a Lua minguante apareça no céu mais tarde na noite.

Os humanos desde sempre convivem com grandes predadores noturnos. Há registros de pinturas de leões em cavernas datadas de 36 mil anos e ainda hoje leões, tigres, onças, panteras e leopardos coexistem com humanos em regiões da África, Ásia e América.

Segundo os pesquisadores, o padrão nos ataques pode ajudar a explicar porque a Lua está tão presente em mitos e folclores humanos, assim como a influência destes predadores na própria evolução do Homo sapiens, criando o medo da escuridão e alimentando a necessidade de buscar abrigo à noite e controlar o fogo.

- Mas nós devemos ser a última equipe de pesquisadores a coletar dados suficientes para publicar uma análise deste tipo – reconhece Packer. - Os grandes felinos estão desaparecendo rapidamente em todo mundo, mas seu impacto em nossa psicologia provavelmente persistirá para sempre.


Fonte: Extra

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