Porão baixo, escuro e cheio de detalhes estimula imaginação da molecada, que já ‘viu’ caveira e caixão.
Histórias de fantasmas são de arrepiar, não é mesmo? E uma delas, já há 50 anos, ganha destaque dentro da Vila Tibério. Seu palco não poderia ser mais sugestivo: o porão da Escola Estadual Dona Sinhá Junqueira.
O lugar é realmente estranho. Baixo, seu teto é feito em madeira. Na verdade, trata-se do desgastado assoalho do primeiro andar, cheio de lacunas e falhas entre as tábuas.
Os tantos arcos espalhados pelo ambiente revelam as características da construção civil da época. Já as pequenas janelas, oferecem pouca iluminação.
Os rumores que nasceram desse cenário são muitos. Alguns dizem que ali mora um fantasma, outros, que é a "Loira do Banheiro". Há até quem diga que a assombração é da madrinha da escola, Dona Sinhá.
O nome da instituição só mudou em 1954, em homenagem a Sinhá Junqueira, que morrera naquela ano. Foi o suficiente para envolver o nome da benfeitora na fábula do fantasma.
"As crianças dizem que seu corpo está enterrado no porão. Mas ela [Sinhá] morreu bem depois que a escola começou a funcionar. E nem o terreno era da família Junqueira, como alguns dizem", explica a professora Carmela Salla Pontes.
Segundo o jornalista Fernando Braga, a história começou com uma caveira para estudo de anatomia, que teria sido guardada no porão.
Caveira
"No início da década de 60, algumas professoras diziam que, se a turma não ficasse em silêncio, iria nos colocar junto com a caveira. Acredito que foi assim que nasceu essa lenda. Afinal, as crianças ficavam apavoradas porque existia uma caveira mesmo", conta Braga.
Para o jornalista, foi a partir de então que a história começou a evoluir. "Depois começaram a ‘ver’ um caixão porque o lugar era bagunçado", completa.
O diretor da escola, Silvio de Almeida Filho, de 63 anos, contou que combateu o boato com uma medida simples. "A escola organizou grupos monitorados de visita ao porão, em 2007, logo após limpeza do local".
O fantasma? Até hoje nunca apareceu.
Aparições no mundo virtual
Basta buscar na internet para encontrar alguns ex-alunos que fazem da história do porão um momento entusiasta. Na rede social Orkut, por exemplo, existe um fórum para falar sobre a assombração. Veja alguns depoimentos:
"No meu tempo (97-99), a história era que a Dona Sinhá estava lá... E eu posso jurar que vi o caixão dela, uma caixa meio comprida enfiada no meio das carteiras velhas... =p" Mecca / Maomé
"Diziam que lá tinha um esqueleto que pegava
as crianças" Ignês
"Nunca entrei e nunca vou entrar lá [no porão]. Falam que quem já entrou nunca mas dormiu"
Orkut Colorido
Livro conta 90 anos da escola Sinhá
O Terceiro Grupo Escolar de Ribeirão Preto - a atual Escola Estadual Dona Sinhá Junqueira - iniciou suas atividades no dia 16 de outubro de 1921.
As nove décadas de história têm seus detalhes contados no livro "Sinhá Junqueira: Um Olhar Sobre a História de Uma Escola", desenvolvido pelas professoras Fátima Aparecida Colus e Carmela Salla Pontes.
Na obra, é possível conhecer alguns detalhes, entre eles, a fundação do grupo de escoteiros Aimorés, o jornal "O Porvir" e as memórias dos ex-alunos.
Um acervo de fotos também faz parte do livro. Segundo a autora e professora Carmela, o livro tem apenas um exemplar, disponível na bibilioteca, além da versão digital. "Ainda não encontramos apoio para rodar mais exemplares. Uma pena".
Fonte: Jornal A Cidade
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