terça-feira, 4 de outubro de 2011

Em 5 anos, nº de achados arqueológicos sobe 50% no Rio

Fundada em 1697, a vila Santo Antônio de Sá se tornou um importante local de pesquisas arqueológicas. O local foi moradia de índios Tupi e também de colonizadores europeus que trouxeram os escravos africanos (Foto: Divulgação)


Nos últimos cinco anos, aumentou em 50% o número de peças históricas retiradas do subsolo do Rio de Janeiro e 210 sítios arqueológicos - locais onde são encontradas os objetos antigos - foram descobertos.

As estatísticas passaram a crescer quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) determinou que toda obra com escavação em área do centro da cidade seja precedida de pesquisas arqueológicas.

As descobertas têm sido tantas que o instituto investe em um novo centro de arqueologia para expô-las. Orçado em R$ 6 milhões, o espaço, na Praça da República, terá laboratórios, auditório e salão para exposições e deve estar pronto em cinco meses, informou o superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade.

Segundo a arqueóloga do Iphan Rosana Najjar, a área submetida à nova regra fica no quadrilátero formado pelos morros da Conceição, de São Bento e dos antigos morros do Castelo e Santo Antônio.

"Foi a primeira área colonizada e, por isso, tem potencial arqueológico alto. É impossível fazer escavação lá e não achar nada", explicou.

Entre as descobertas, está o cais do Valongo, encontrado em obras do Porto Maravilha a 1,7 m de profundidade.

Os vestígios da principal porta de chegada de navios negreiros no século 19 vão virar museu a céu aberto.

"O estado de conservação do cais e a sua extensão nos surpreenderam", revelou a arqueóloga que fez a escavação, Tânia Andrade Lima, do Museu Nacional.

Na avenida Antônio Carlos, a garagem subterrânea Santa Luzia também virou atração, depois de localizada parte da Muralha da Prainha, que servia para conter o mar que ia até ali.

"Clientes sempre perguntam o significado do muro no meio do estacionamento e tiram até foto", contou o gerente, Ênio Silva, 50 anos.

Embaixo da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, na rua Sete de Setembro, a base de um muro construído pelos portugueses para se protegerem das flechas dos índios foi achada durante obra de restauração em 2007.


De ruínas de vilarejo a ossada


O centro não é o único lugar com alta concentração de achados arqueológicos. "O litoral e áreas próximas a igrejas, bens tombados e onde existiam aldeias indígenas também têm", revelou Rosana Najjar.

Na área onde está sendo construído o Complexo Petroquímico do Rio, em Itaboraí, foram encontrados mais de 41 sítios arqueológicos de ruínas do vilarejo de Santo Antônio de Sá: 18 serão desfeitos e os demais, preservados.

Em Paraty, foram achados trilhos de antigo ramal de trem de carga nos fundos de uma casa. E em Cabo Frio, ossada de um membro do povo sambaqui de mais de 2 mil anos foi encontrada no terreno onde será erguido um shopping.



Fonte: Terra/Ciência Hoje

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