quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Lugares sombrios alimentam o medo no halloween campineiro


Cemitérios, túnel e hotel abandonado povoam o imaginário dos medrosos.

O que faz uma pequena e sombria igreja abandonada, perto da linha do trem, em frente a um enorme prédio antigo e desocupado, onde funcionava um hospital psiquiátrico, que fica próximo a dois cemitérios?

O cenário descrito pode facilmente lembrar um filme de terror hollywoodiano, mas está em Campinas, na Rua da Abolição.

Este e alguns outros lugares da cidade chamam a atenção pelas peculiaridades, despertam o medo e a imaginação.

Neste dia 31 de outubro, países como os Estados Unidos e o Canadá celebram o Halloween, com todas as lendas que o envolvem.

No Brasil, o "Dia das Bruxas" não tem tradição, mas o que não faltam são histórias de assombrações, contos arrepiantes, fantasmas e outros medos.

Campinas tem suas histórias, ligadas a lugares estranhos, curiosos e medonhos da cidade. Os mais medrosos, claro, têm uma imaginação mais fertil para enxergar esses lugares e superdimensionar o que falam a respeito deles. Para a maioria, no entanto, isso tudo passa despercebido por causa da correria do dia a dia.


Assombração


O pedreiro Claudinei Monteiro, 43 anos, mora há dois anos e meio em uma casa que fica entre o antigo hospital psiquiátrico e o Cemitério Santo Antônio de Pádua.

Do lado esquerdo, o hospital. Do direito, o cemitério. Lugar, no mínimo, inusitado para se viver. "O pessoal que trabalhava por aqui antigamente falava que tinha assombração nessa casa em que eu moro", lembra Monteiro. "Eles diziam que a porta da frente ficava abrindo e fechando sozinha. Não tinha ninguém na casa".

Mas as assombrações valeram mais para os outros do que para o próprio morador da casa "cercada de mortos", na Rua da Abolição, no bairro Ponte Preta.

"Graças a Deus, nunca vi. Não que eu não acredite nessas coisas, mas eu tenho fé, então está tudo certo", brinca.

Acreditar ou não em fantasmas, almas penadas e assombrações é uma questão pessoal. Porém, isso não muda o fato de que há lugares na cidade com o aspecto medonho.


Túnel do medo


Se a vizinhança com o cemitério alimenta histórias de terror, o que dizer de um túnel que liga um dos bairros mais antigos a um ponto de pouco movimento do centro da cidade?

Conhecido como o túnel da Fepasa, por passar sob o emaranhado de estradas de ferro da estação ferroviária, a passarela subterrânea na Vila Industrial e um lugar bem iluminado atualmente durante a noite, mas nem sempre foi assim.

Cruzar os cem metros de extensão podem causar medo e pavor por inúmeros motivos. O perigo atual é de assalto, um medo real que independe de acreditar ou não no sobrenatural.

Os medos se misturam no famoso túnel, construído em 1918. Um local amedrontador, pelo qual muitas pessoas não gostariam de passar.

"Olha, é de dar medo. Eu passo nesse túnel há mais de três anos, pra trabalhar e ir ao centro, mas nunca deixei de ficar com medo dele. Hoje em dia é bem iluminado, mas já teve época em que era muito escuro em certos pontos. Parecia filme de terror", brinca a faxineira Maria da Graça Clemente.

"A sorte é que sempre passa bastante gente aqui. Então, eu vou no embalo com o pessoal", finaliza Maria, com uma gargalhada.


O quinto andar


Um prédio abandonado no centro de Campinas, ainda que em uma avenida de grande movimento, espalhou medo na vizinhança no ano passado.

O Campinas Palace Hotel encerrou suas atividades em 2004 e, desde então, está desativado. Pichações pela fachada, tapumes fechando as entradas e muita sujeira deixam o edifício com aspecto estranho.

Cenário perfeito para dar asas à imaginação de quem passa por ali e de quem mora por perto. Vizinhos pensaram que o quinto andar do hotel estava habitado por fantasmas.

Luzes e reflexos apareciam durante a noite no prédio. Nada mais era do que o vigia do hotel, que cuida do patrimônio do local durante a madrugada.

A psicóloga Patrícia Queiroz lembra que o medo é um sentimento humano importante para situações ameaçadoras, de perigo ou incerteza.

Segundo ela, ao sentir medo, o ser humano fica mais cuidadoso, em alerta e evita certos lugares. "Nessos momentos de medo, nós ficamos sensíveis a qualquer som, barulho e movimento como uma possível ameaça de algo ruim. As pessoas imaginam ver e ouvir coisas".

Patrícia lembra também que a cultura tem grande influência na imaginação das pessoas. "As histórias de bruxa, os filmes de terror, as brincadeiras de crianças que envolvem fantasmas. Tudo isso influencia o ser humano".

O importante, segundo ela, é que a pessoa não se torne refém do medo e que não deixe este sentimento alterar a rotina.

"A partir do momento em que começa a atrapalhar a rotina da pessoa, torna-se preocupante", alerta a psicóloga.

"Devemos reconhecer esses medos e lidar com eles de modo a sofrermos menos para ter uma vida mais feliz", finaliza.



Fonte: EPTV

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