Na região natal do povo basco se situa no litoral da Baía de Biscaia, na fronteira entre a Espanha e a França. Desde 1979, o governo espanhol concedeu autonomia regional às províncias bascas de seu território: Guipuzcóa, Vizcaya e Alava.
A população basca é de apenas 2 milhões, mas constitui um povo que tem consciência de sua história própria, extremamente valorizada.
Seu senso de tradição se expressa em danças e jogos: por exemplo, coreografias espetaculares com espadas e bastões, ou o jogo conhecido como pelota, semelhante ao squash.
Entre os diversos costumes peculiares dos bascos, há a lei da sucessão intestada, transmitida de geração em geração, segundo a qual a criança primogênita (seja menino ou menina) herdará sempre as terras dos pais.
O traço mais notável do povo basco, contudo, é o seu idioma, chamado Euskara. De todas as numerosas línguas da Europa, a língua dos bascos é uma das poucas que não derivam do tronco indo-europeu.
Mais importante que isso é o fato de serem os bascos o único povo da Europa que define sua identidade nacional em termos estritamente linguísticos.
Um basco chama a si mesmo Euskaldun, “aquele que fala Euskara”, e chama sua terra de Euskadi ou Euskal-herri, “a terra da língua basca”. Em outras palavras, ser basco significa falar a língua basca.
Colonizadores com uma longa história
Apesar da grande quantidade de pesquisas realizadas sobre as origens do povo basco, ainda não foi possível comprovar nada.
Entretanto, os pesquisadores sabem que povoações bascas habitam a região por eles ocupada atualmente há muito tempo e que tiveram relativamente poucos contatos com outras populações.
Exames de sangue mostram que o grupo sanguíneo B é muito raro entre os bascos, enquanto o grupo O é desproporcionalmente comum, e a percentagem de fator Rh negativo é a mais alta do mundo.
Além disso, os nomes de família bascos têm uma sonoridade peculiar e frequentemente são topónimos, o que indica um laço muito forte com a terra natal.
Também a cultura basca se manifesta nos nomes de família: como a casa {exte} é o centro da vida, não é de surpreender que muitas famílias bascas se chamem Etxe-a (a casa), Etxe-berri (casa nova) ou Etxe-gorri (casa vermelha).
Três quartos da região linguística dos estão situados em território da Espanha, e um quarto França. No entanto, somente metade da população basca espanhola fala o basco em sua vida cotidiana.
Entre os bascos franceses, essa proporção é ainda menor, e a língua basca não chega a ser ensinada nas escolas.
Existem seis dialetos principais no basco falado. Essa variedade dificulta a comunicação, e isso fez com que uma variante uniforme e artificial do basco {Euskara batua) fosse indicada pela Academia da Língua Basca como uma língua escrita comum a todos. Ela é ensinada nas escolas e universidades da região basca espanhola.
Comparado às línguas indo-européias, como o inglês, o francês, o alemão e o russo, o basco tem vários traços que chamam a atenção.
Existem, por exemplo, poucos termos genéricos, como “animal” ou “clima”. Até as formas linguísticas são pouco comuns.
Um exemplo disso é o caso ergativo: enquanto o sujeito de um verbo intransitivo requer o caso absolutivo, o sujeito de um verbo transitivo requer o uso do ergativo, que se caracteriza pelo sufixo “-k”.
Um exemplo do absolutivo seria “Baigorri mendi artean da”, ou “Baigorri fica no meio das montanhas”. Um exemplo da construção ergativa seria “Baigorri-k partida irabazi du”, aproximadamente “Baigorri ganha o jogo”.
Essas e outras curiosidades linguísticas sempre foram um problema para os estudiosos. As teorias mais recentes classificam o basco como um idioma isolado, sem nenhuma relação com qualquer outro. Outras hipóteses, contudo, continuam a ser propostas pelos cientistas.
Adão e Eva falariam basco?
Uma hipótese surpreendente foi publicada por um padre basco durante o século XVIII. Ele acreditava ser o basco a língua mais antiga do mundo, a que teria sido falada por Adão e Eva.
As primeiras pesquisas confiáveis sobre as raízes históricas do Euskara, entretanto, foram realizadas pelo filólogo prussiano Wilhelm von Humboldt (1767-1835).
Pesquisas históricas são de importância vital na busca das origens do idioma basco. Os próprios bascos estão convencidos de que os iberos, povo que deu seu nome à Península Ibérica (que abrange Espanha e Portugal), já habitavam a península no século V a.C., e que os vascones, os antepassados do povo basco de hoje, ocuparam sua atual região antes que os romanos conquistassem a Península Ibérica, entre os séculos III e I a.C. Em sua concepção, isso implica uma influência recíproca entre a língua dos iberos e a dos vascones.
Infelizmente, ainda não foi possível comprovar ou desmentir essa hipótese. Em sua forma escrita, o basco só é conhecido a partir de 1545, ano em que foi impresso o primeiro livro em basco.
Amostras da língua dos iberos, por outro lado, existem desde os tempos pré-romanos, mas ainda não foram decifradas.
Uma conexão caucasiana?
Na Antiguidade, os iberos do Cáucaso viviam às margens do Mar Negro, onde hoje está localizada a república da Geórgia, o que levou alguns linguistas a supor que o basco tivesse ligações com as línguas indo-europeias da região.
Eles consideram os caucasianos e os bascos os herdeiros de povos que ocupavam uma vasta área linguística indo-européia, povos que depois foram forçados a viver nas regiões montanhosas da antiga Europa.
Embora aspectos linguísticos isolados pareçam comprovar essa hipótese, a maioria dos linguistas acredita ser impossível determinar as relações das línguas caucasianas que se relacionam entre si, quanto mais demonstrar um elo entre elas e o basco.
Na verdade, parece ser mais sensato procurar essas afinidades linguísticas em locais mais próximos — por exemplo, nas redondezas do Estreito de Gibraltar.
Cartago, a cidade-estado do norte da África, estabeleceu numerosos entrepostos comerciais onde hoje se localiza a Espanha; Cartagena, por exemplo, no sudeste do atual território espanhol, fundada por volta de 226 a.C., também foi visitada pêlos vascones.
Alguns anos depois, o grande comandante cartaginês Aníbal (247-182 a.C.) desafiou militarmente o poder de Roma.
Aníbal pôs em marcha um enorme exército, que incluía elefantes e cavaleiros da Numidia, antepassados dos povos berberes do norte da África.
Os romanos permitiram que suas tropas chegassem até o norte de Barcelona em 218 a.C., dando início, assim, à conquista da Península Ibérica.
Cerca de novecentos anos depois, os árabes invadiram a península; suas tropas incluíam berberes, sob a liderança de Emir Tárik, de cujo nome se deriva o de Gibraltar.
Admite-se que os berberes do norte da África, os iberos da Espanha oriental e os vascones dos Montes Pireneus estabeleceram muitos contatos entre si, o que sugere possíveis relações entre suas línguas.
Para verificar essa hipótese, muitas pesquisas em curso focalizam as línguas berberes, que só vieram a ser conhecidas de fato no século XX.
Os linguistas, no entanto, ainda não conseguiram decifrar satisfatoriamente as antigas inscrições dos berberes.
Graças ao trabalho do espanhol Manuel Gómez Moreno, publicado no século XX, hoje é possível ler as inscrições e as moedas desse povo, mas elas ainda não são completamente compreendidas.
Em decorrência das complexas relações entre os cartagineses, os gregos, os romanos e os iberos, ainda há esperança de que textos bilíngues venham a ser descobertos, como ocorreu com a Pedra de Roseta.
Isso poderia solucionar o mistério da língua ibérica e permitir que os cientistas a comparassem com o idioma basco.
Fonte: Ufologia Objetiva
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