sábado, 10 de março de 2012

Delegado não descarta ritual de magia negra em morte de filha de vereador em Lapão

Maria de Fátima dos Santos, 48 anos, abriu um buraco no quintal de casa onde jogou corpo de menina


Segundo a polícia, Júlia Lima Rodrigues de Souza, de 8 anos, pode ter sido oferecida em sacrifício pela assassina.

A polícia não descarta a hipótese da filha do vereador da cidade de Lapão, a garota Júlia Lima Rodrigues de Souza, de 8 anos, ter sido oferecida em sacrifício pela assassina.

“Maria de Fátima negou que o homicídio tenha sido uma oferenda ou um ritual de magia negra, mas não descartamos”, disse o delegado Ciro Palmeira, responsável pelo caso na delegacia de Irecê.

No quintal da casa, lembra Ciro, foram coletados fios de cabelo de Júlia. “Após denúncias, fomos ao local e identificamos esse material. Lá, sentimos um forte odor e quando chegamos à fossa encontramos o corpo”, diz o delegado.

Ciro lembra que Maria de Fátima ainda tentou desviar o foco das investigações. “Ela acusou um casal de ter cometido o crime, mas verificamos que as pessoas a quem ela se referia eram cristãos que evangelizavam de porta em porta na sexta-feira, dia do desaparecimento de Júlia. A dupla apenas passou em frente à casa dela”.

Maria de Fátima vai responder por homicídio qualificado (emprego de remédio e abuso de confiança) e ocultação de cadáver.


Incêndio


O crime causou revolta na região. Na noite de segunda-feira, moradores do povoado de Rodagem incendiaram a casa onde Maria de Fátima morava com uma filha de 9 anos, amiga de Júlia.

Na sexta-feira passada, a garota, filha do vereador Getúlio Silva, 60 anos, já havia combinado o encontro assim que terminassem as aulas na Escola Municipal Antônia Gaspar, cuja diretora, a professora Núvia Carlane Souza, 41 anos, é a mãe da menina assassinada.

Os últimos passos da garota antes de ser assassinada foram lembrados pelo pai. “Minha filha saiu da escola, foi em casa, tirou a farda, colocou um vestido longo – a mãe ainda disse que ela ficava velha com aquela roupa - e foi direto pra casa da Maria de Fátima”, contou Getúlio Silva.

Ele lembra que a única criança convidada para comer o doce foi Júlia. “A filha da Maria de Fátima disse que o brigadeiro era exclusivamente para a minha pequena. Outra coleguinha chegou na casa, mas a mulher disse que Júlia não estava lá e que a filha dela estava de castigo”, relembra.

Antes de matar a estudante do 5º ano, segundo Getúlio, a mulher retirou a própria filha de dentro de casa. “Ela mandou a menina levar um documento na casa de um irmão. Quando a garota saiu da casa, Maria de Fátima aproveitou que ficou sozinha com Júlia e colocou o plano em prática”.



Confissão


Em entrevista ao Portal Irecê Repórter, a assassina confessa descreve como matou a criança. “Eu atraí ela com um brigadeiro com uma dose de remédio. Pus um plástico (na cabeça), amarrei ela e joguei num buraco. Não premeditei. Foi de última hora”, relatou.

Maria de Fátima continuou na entrevista: “Quando pensei em fazer isso com ela, abri o buraco porque lá (no quintal) a terra é muito frouxa e a tampa da fossa fica fora. Cavei um pouco e empurrei a menina dentro” .

A mulher confirma que tirou a própria filha de casa. “Mandei a minha filha pra casa do irmão dela. Aí, aproveitei para fazer o ato de maldade”, declara. Sem explicar o motivo do crime, ela repete: “Não sei. Foi um impulso, foi um impulso”.

Após a confissão, Maria de Fátima pede que seja punida pelo assassinato. “O que eu tenho a dizer (à sociedade) é que pode me punir, pode me punir. Eu só não quero que puna a minha filha, ela só tem 9 anos. Me puna”.


Segundo o repórter Pascoal Ferreira, durante a entrevista, a assassina apresentava mudanças repentinas de comportamento. “Falava com frieza, depois chorava, dizia que amava a menina e se contradizia. Não falava coisa com coisa”, recorda.

Para a família, Júlia era uma menina obediente e que se dava bem com todos. “Quando a gente chamava pra ela entrar, vinha logo. O forte dela mesmo era aquela meiguice, a inteligência. Tinha facilidade enorme de fazer amizades”, recorda o pai.

Getúlio destaca que a filha tinha características de líder. “Ela sabia como resolver qualquer dificuldade. Tinha liderança e do jeito dela botava as outras coleguinhas pra não criar nenhum embaraço com a Mariana, que mal tinha amigos. Meu coração tá pesado”.


Fonte: Correio 24 horas

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