Reconstituição mostra rosto do homem de Piltdown
Equipe de pesquisadores do Museu de História Natural de Londres usam tecnologia avançada para descobrir quem forjou um dos fósseis mais famosos da ciência.
Há um século começava uma das maiores e mais longas
farsas da ciência. Em 1912, o paleontólogo britânico Arthur Smith
Woodward, do Museu de História Natural em Londres, e o colecionador de
antiguidades Charles Dawson anunciaram a descoberta de um novo fóssil de
hominídeo que trazia revelações sobre a evolução humana.
Só que anos
mais tarde descobriu-se que o artefato, conhecido como "homem de
Piltsdown", era falso e a fraude permanece, ainda hoje, com algumas
questões não explicadas por completo.
Agora, pesquisadores do Museu de
História Natural em Londres voltaram a analisar as ossadas, com a ajuda
de tecnologia avançada, para desmascarar a trama.
O fóssil, encontrado em escavações feitas em Piltdown no Reino Unido, foi chamado de Eoanthropus dawsoni
. Tinha a mandíbula parecida com a de um primata, com dois molares, e um
crânio parecido com o de um humano.
O anúncio teve fortes consequências
na ciência da época e, inclusive, atrapalhou a difusão de outras
descobertas importantes sobre a evolução humana, como a do
Australopithecus africanus
, nos anos 1920.
Foto do Museu de História Natural de Londres mostra crânio do homem de Piltdown
Stringer afirma que importantes cientistas da época, como Arthur Keith e Elliot Smith preferiram acreditar que Piltdown demostrava os caminhos reais da evolução humana.
Porém, entre os anos 1920 e 1930, o homem de
Piltdown passou a ser marginalizado conforme outros fósseis de
hominídeos eram descobertos em outras partes do mundo como África, China
e Indonésia.
Stringer afirma em artigo publicado no periódico
científico Nature desta semana, que “nenhum destes fósseis mostrava a
estranha combinação de mandíbula de primata e crânio humano”.
Farsa desmascarada 40 anos depois
A descoberta, porém, caiu por terra só em 1953, quando os cientistas do
museu e da Universidade de Oxford revelaram que o “homem de Piltdown”
não passava de uma falsificação.
Os estudos realizados em 1953 e 1955 mostraram a erosão artificial no
dente e a coloração da maioria dos materiais como os ossos, dentes em
comparação a outros fósseis.
A extrema unção do “homem de Piltdown” veio
quando Kenneth Oakley, um arqueólogo do museu, realizou testes químicos
no “fóssil” que afirmaram que a mandíbula não podia ter mais de 50 mil
anos.
De acordo como estudo de Oakley, a mandíbula e o canino
provavelmente eram de um orangotango e foram manipuladas e colocadas
junto ao crânio de um humano moderno.
“Não era fácil descobrir a fraude em 1912,
porém certas coisas como vestígios de metal em um dos dentes poderiam
ter sido observados caso eles tivessem analisado o ‘fóssil’ da maneira
correta. Só que ninguém fez isto até 1953”, disse Stringer.
Ainda faltam respostas
Agora uma equipe de 15 pesquisadores do museu, liderada por Stringer, está reexaminando os vestígios do Eoanthropus dawsoni
a partir de técnicas modernas como datação de carbono e informações do
DNA para elucidar de uma vez por todas a fraude. Não se sabe, por
exemplo, quem teria montado o fóssil.
Stringer afirmou ao iG
que a grande lição que fica neste caso é que devemos manter sempre a
crítica em relação a uma nova descoberta, principalmente quando ela
atende às nossas expectativas.
“Este era o problema em 1912, vários cientistas estavam predispostos a acreditar em Piltdown principalmente por dois motivos. Primeiro por ser uma descoberta britânica e os cientistas queriam descobrir que eram os indivíduos que faziam ferramentas de pedra na Grã-Bretanha antiga. Além disso, Piltdown mostrava que o cérebro era grande já no início da evolução humana, o que muitos cientistas da época queriam acreditar”.
A equipe de pesquisadores acredita que a motivação da farsa seja a ambição pessoal de Woodward e Dawn. Mas, isto, eles sabem que será mais difícil ainda de descobrir.
Fonte: IG
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