Cientistas britânicos estão tentando descobrir se a mutação genética
que levou um irlandês, no século 18, a medir 2,28m, é comum entre
habitantes da região onde ele viveu.
O geneticista Patrick Morrison, da Queens's University, em Belfast,
está convidando famílias cujos ancestrais viveram nos condados de Tyrone
e Londonderry a participar de testes genéticos.
Morrison e sua equipe querem identificar portadores do gene AIP. No
século 18, este gene levou o paciente Charles Byrne, nascido perto de
Cookstown, no condado de Tyrone, a ganhar o apelido de "gigante
irlandês".
O geneticista explicou que, em sua maioria, pessoas que possuem o gene
não sabem disso e não enfrentam qualquer problema. Médicos da University
of London, em Londres, também estão participando do estudo.
Gene oculto
Análises genéticas detalhadas conseguiram determinar que Byrne e
pacientes hoje vivos, que também carregam esse gene, possuem um
ancestral em comum. As investigações também concluíram que a mutação
genética surgiu cerca de 1.500 anos atrás.
Acredita-se que ela seja particularmente comum no sul do condado de Londonderry e no leste do condado de Tyrone.
A maior parte da população que possui o gene não tem problemas de saúde
associados a ele. Em alguns indivíduos, no entanto, o gene AIP pode
provocar o crescimento excessivo da glândula pituitária, levando ao
crescimento excessivo dos músculos, cartilagens e ossos.
Esse crescimento demasiado, por sua vez, pode levar a outras
complicações de saúde, como a perda da visão lateral e perturbações
hormonais. Os especialistas calculam que mais de dois terços dos que
possuem a mutação não desenvolvem essas complicações e, portanto, não
têm ideia de que são portadores do gene.
Morrison disse que pretende visitar a área para fazer os testes em
laboratórios móveis. O objetivo é que portadores e suas famílias possam
ter acesso a testes e tratamento caso seja necessário, evitando
problemas de saúde futuros.
Esqueleto de Charles Byrne, o gigante da Irlanda, é exibido no Royal College of Surgeons, em Londres
O gene AIP foi identificado pela primeira vez em 2011, em pacientes
naturais das regiões onde serão feitos os testes. Estes pacientes sofrem
de uma síndrome chamada gigantismo, associada ao gene AIP.
"As pessoas que têm esse gene podem não ser necessariamente altas, mas
podem ter outras complicações de saúde associadas a esse gene", disse
Morrison.
Os testes são simples, envolvem apenas a coleta de uma amostra de saliva, o que é feito em dez minutos.
Marta Korbonits, endocrinóloga da London School of Medicine, disse:
"Sabemos que dois terços dos que possuem a mutação não desenvolveram
complicações e portanto não têm ideia de que são portadores".
"Por isso é importante estudar a população local na área geográfica de onde vêm muitos dos pacientes".
Testar a população dessas áreas ajudará os pesquisadores a saber quão presente está essa mutação em seu DNA.
Fonte: UOL
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