Foto: Fotoarena/Cristina Gallo
“Mãe, meu chapéu está caindo.” “Quem mandou você não colocá-lo no altar
para canalizar a energia dele?” O diálogo poderia ter saído de um livro
“Harry Potter”, mas é este o tipo de conversa que você pode ouvir na
universidade livre
de holística Casa de Bruxa , em Santo André, região metropolitana de
São Paulo.
Enquanto em “Dezesseis Luas”, que estreia esta sexta-feira no
Brasil , a protagonista Lena (Alice Englert) vem de uma família de
feiticeiros e é incentivada pelos parentes a estudar magia, adolescentes
da vida real também começam a frequentar aulas de bruxaria natural no
local por influência dos pais.
Dona de nove gatos, quatro cachorros e três tartarugas, a família
da estudante Larissa Miotto , 16, é bastante mística e transpira magia.
“Minha mãe é bruxa e meu pai é mestre de reiki”, explica a adolescente.
O assunto é tão comum para Larissa que ela nem se lembra quando
exatamente começou a se interessar por esta arte. “Eu gosto de bruxaria
desde que eu me entendo por gente”, disse. Ela frequenta a Casa de Bruxa
desde o primeiro ano de sua vida, mas começou a fazer curso de bruxaria
apenas em 2012.
Os pais de Laura Regina de Santana , 18, não são bruxos, mas sua mãe, uma aspirante a feiticeira, sempre a incentivou a procurar algo em que acreditar. “Ela sempre teve uma espiritualidade e queria isso para mim também”, explica a jovem.
O primeiro contato com a bruxaria de Laura aconteceu há oito anos,
quando participou de um ritual, mas a vontade de estudar o assunto
nasceu da ficção: “Quando eu li o livro ‘As Brumas de Avalon’ eu fiquei
encantada.”
Ao contrário do que pensam, uma bruxa não aprende magias como levitar
objetos, ficar invisíveis e, infelizmente para todas nós, transformar
sapo em príncipe. Elas não podem nem mesmo enfeitiçar o gatinho da
escola. “Quando a gente faz um pedido, a gente nunca coloca o nome da
pessoa”, explica Larissa. “Nós sempre mentalizamos as características de
nosso par perfeito”, arremata Laura. Depois disso é só esperar.
'As pessoas acham que vamos transformá-las em sapo'
Em “Dezesseis Luas”, Lena é invocada pela Lua para o caminho do bem ou
do mal. Na vida real, elas garantem: os conhecimentos são usados apenas
para coisas boas. “Há pessoas que fazem coisas ruins, mas a maldade está
nelas e não na bruxaria”, explica Larissa.
De acordo com as adolescentes, a falta de conhecimento sobre a
filosofia as transforma em alvos de algumas brincadeiras nem sempre tão
ingênuas.
“Quando ficam sabendo que sou bruxa, os meninos começam a falar:
‘Nossa, sai daqui. Amarrado em nome de Jesus’”, diz Larissa. “Já me
perguntaram se eu faço um pacto com o demônio, se eu ofereço coisas para
ele”. “As pessoas acham que vamos transformá-las em sapo”, complementa
Laura.
Este tipo de abordagem não as impede, no entanto, de continuar a fazer
feitiços e de dar conta de uma de suas obrigações de feiticeira: cuidar
de seu altar de bruxa. “Ele é meio como se fosse a nossa vida, então,
quando você o organiza, é como se arrumasse ela também”, explica a
estudante de história.
Varinha mágica e chapéu
Assim como manda o “figurino”, as estudantes da Casa de Bruxa de fato
usam capa, caldeirão, varinha mágica e chapéu. Mas esses acessórios são
obrigatórios apenas em rituais especiais, como a Celebração da Lua
Cheia, comemorada na última segunda-feira. Já na rotina normal, elas
podem até ser confundidas com “trouxas”, como são chamados os cidadãos
comuns nos livros “Harry Potter”.
O curso de bruxaria natural da Casa de Bruxa dura dois anos e custa R$
1876 por módulo, que dura treze lunações. Por lá, os alunos tem aulas de
botânica, astronomia e até culinária. O jovem só pode frequentar as
aulas se tiver a autorização dos pais.
Laura Regina de Santana deve terminar os estudos em setembro deste ano,
quando será iniciada e receberá o seu nome mágico. “Mas ele ficará
apenas entre mim e minha professora”, explica.
No entanto, de acordo com Larissa, não é preciso fazer este tipo de
curso para se tornar uma feiticeira também. “Eu acredito que toda mulher
tem um pouco de bruxa”, brinca.
Segundo as jovens feiticeiras, as
pessoas comuns fazem alguns rituais mágicos em pequenos costumes
inocentes. “Comer sete sementes de romãs no Ano Novo, por exemplo, é
coisa de bruxa”, diz Laura. Ou seja, todos nós somos feiticeiros e nem
sabíamos disso.
Fonte: O Dia Online
Um comentário:
Quem me dera isso fosse no Brasil! Seria, de fato, um sonho realizado.
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