No último ano, planos de exploração de asteroides voltaram à moda, com
duas empresas anunciando interesse em minerar esses objetos e a Nasa
estudando rebocar um deles até a Lua.
Ninguém havia apontado ainda quais
asteroides explorar, mas um trio de cientistas mostra agora quais são
os melhores candidatos.
"Quando comecei meu doutorado, há um ano e meio, nada disso tinha sido
anunciado ainda e todo mundo dizia que eu era louco", disse à Folha Daniel Yárnoz, engenheiro espacial que acaba de publicar um estudo apontando 12 asteroides fáceis de manipular.
Junto com dois colegas no Laboratório de Conceitos Espaciais Avançados,
de Glasgow (Escócia), Yárnoz vasculhou uma base de dados da Nasa que já
registrou mais de 10 mil asteroides com órbitas perto da Terra.
A agência espacial americana vem catalogando esses asteroides mais para
monitorar o risco de eles colidirem com nosso planeta e causarem algum
estrago. O cientista espanhol, porém, procurava corpos celestes com
outras características.
A ideia era achar asteroides com órbitas mais ou menos emparelhadas com a
Terra e que fossem leves o bastante para poderem ser trazidos até perto
do planeta. Não foi uma tarefa fácil, porque não havia uma maneira
automatizada de fazer essa busca.
Yárnoz, então, desenvolveu um método de triagem que encontrou os 12
bólidos espaciais mencionados em sua pesquisa. São todos asteroides
entre 2 e 60 metros de diâmetro.
Para trazê-los à vizinhança da Terra,
seria necessário um impulso de menos de 500 metros por segundo em suas
trajetórias, um número considerado razoável pelos cientistas.
"Tecnologias existentes podem ser adaptadas para trazer à vizinhança da
Terra objetos pequenos, de 2 a 30 metros de diâmetro, para exploração
científica e uso de recursos", escrevem os cientistas em estudo na
revista "Celestial Mechanics and Dynamical Astronomy".
Editoria de Arte/Folhapress
Uma missão dessas, segundo Yárnoz, custaria algo na casa dos bilhões de
dólares e levaria de 3,5 a 7 anos só na trajetória de volta (o estudo
não calculou ainda a ida). Um foguete francês Ariane 5 seria capaz de
levar a espaçonave de 6 toneladas necessária para o serviço.
A melhor oportunidade para uma missão como essas, dizem os cientistas,
será em fevereiro de 2021, quando um asteroide com cerca de 5 metros
passará numa órbita extremamente similar à da Terra. É possível que
esse, ou algum dos outros 11 objetos apontados por Yárnoz, seja
escolhido para a missão da Nasa que propõe colocar um asteroide na
órbita da Lua.
Um asteroide interessante para mineração, porém, teria de ser bem maior,
pois o custo de enviar uma espaçonave para rebocá-lo não pode
comprometer o lucro.
A ideia de trazer um objeto desses para perto da Terra, porém, é
sedutora por motivos científicos, pois em geral eles são corpos
cosmicamente antigos e podem revelar coisas interessantes sobre as
origens do Sistema Solar.
Além disso, astronautas nunca puseram os pés
num asteroide, e a água e os outros recursos que eles contêm podem vir a
ser aproveitados no futuro em viagens espaciais longas.
Fonte: Folha de São Paulo
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