sábado, 3 de agosto de 2013

Dicinodonte é levado a museu em Candelária onde grupo iniciará a limpeza



 
 
Fósseis de animal pré-histórico de aproximadamente dois metros de comprimento foram retirados hoje de fazenda particular.
 
 
Encontrado há três anos em uma fazenda particular em Candelária, no Vale do Rio Pardo, o maior fóssil já encontrado na região de um mesmo animal só deve ser exposto em cerca de dois anos.


Na tarde desta quinta-feira, um caminhão da prefeitura fez a retirada, com uma retroescavadeira, de um bloco de 1,5 tonelada com os fósseis, que estavam em um banhado da propriedade. Eles foram levados para o Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, em Candelária.


No entanto, não há equipamentos apropriados para a limpeza e tampouco materiais necessários para a correta exposição do dicinodonte de 230 milhões de anos.


No espaço, mantido com a ajuda de 12 voluntários, não há um laboratório para a limpeza e armazenagem dos atuais 31 fósseis do museu, um dos mais ricos do Vale do Rio Pardo, local onde se concentra o maior acervo de materiais do período triássico recolhidos por paleontólogos no Estado.


— Precisamos de um compressor de ar e dois marteletes pneumáticos para fazermos esse laboratório de paleontologia e limparmos os fósseis para exposição. Seria necessário, pelo menos, R$ 2,5 mil. Já encaminhamos esse pedido à prefeitura, que prometeu repassar R$ 1 mil por mês a partir de agosto — explica o diretor do museu, Carlos Rodrigues, filho de Aristides, um dos fundadores do grupo de voluntários que protege o rico acervo pré-histórico de Candelária e que dá o nome ao museu.

  
O bloco contendo o dicinodonte foi despachado em meio à mobília do museu, pois tem dois metros de comprimento, o que seria o tamanho do animal encontrado na cidade. Não há vidros especiais de armazenamento desse material.
 
 — Vamos comprar os vidros com a ajuda dos nossos voluntários. Vendemos camisetas com estampas de dinossauros aos alunos de colégios que vêm nos visitar e fazemos galetos para a comunidade a fim de levantar verba. Acredito que apenas em 2015 esse animal possa ser exposto em pé e montado com todas as suas peças, se a sua ossada permitir que possamos mantê-lo dessa forma — lamenta Rodrigues.


Os fósseis deste exemplar de dicinodonte, herbívoro mais abundante do Rio Grande do Sul no período triássico foram encontrados em 2010 por estudantes da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), liderados pelo doutor em paleontologia da universidade, Sérgio Silva.


No início deste ano, a pedido do Museu de Paleontologia de Candelária, que colabora com as instituições de pesquisa do Estado, realizando o monitoramento dos sítios fossilíferos do município, o trabalho foi retomado, agora com a participação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). De lá para cá, um perímetro foi montado para a execução da retirada desse material.


Um grupo de oito graduandos, mestrandos e doutorandos da UFRGS imobilizou o bloco de dois metros de comprimento e de 1,5 tonelada com gesso, arame e poliuretano (espécie de espuma expansível).


O responsável pela ação foi um dos maiores especialistas no Estado na área, o professor em paleontologia da UFRGS, doutor Cesar Schultz.


QUEM É ESSE ANIMAL ENCONTRADO? 
 
— Os pesquisadores ainda não têm certeza a respeito da espécie, mas já sabem que o animal encontrado em Candelária pertence ao grupo dos dicinodontes.


— Esse animal viveu há cerca de 230 milhões de anos, ou seja, no período triássico, um pouco antes dos primeiros registros de dinossauros. Na época, eram os herbívoros mais comuns em todo o planeta (lembrando que, naquela época, todos os continentes estavam unidos numa só massa de terra, a Pangeia), podendo ser comparado à vaca nos tempos atuais.


— Há duas espécies conhecidas de dicinodontes no Rio Grande do Sul. Um deles, o Dinodontosaurus, que é o mais abundante, possuía na boca dois grandes caninos superiores. A outra, sem estas presas, se chama Stahleckeria e podia chegar a quatro metros de comprimento.


— Eles são quadrúpedes, não tinham dentes para mastigação (mas sim um bico córneo parecido com o das atuais tartarugas) e uma cauda curta. Não são dinossauros nem répteis e se aproximam mais dos mamíferos, principalmente pelas características do esqueleto e pela forma como andavam juntos, em manadas. Sabe-se que eles tinham esse comportamento devido a uma descoberta anterior, feita na mesma região de Candelária, de 10 filhotes que morreram todos juntos.



Fonte: Zero Hora

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