Em Santana do Cariri, há uma das áreas mais ricas em acervo paleontológico do País Fotos: Elizângela Santos
Do material retirado até agora, poderá surgir algo diferente do que já foi descrito, segundo os pesquisadores.
Cerca de 10 mil fósseis poderão ser encontrados até o fim do projeto da
maior escavação controlada do Nordeste, que está sendo desenvolvida na
Bacia Sedimentar do Araripe.
Mais uma etapa de trabalho foi finalizada,
com 972 peças encontradas em concreções e mais 300 em folhelhos. Na
primeira grande escavação realizada em Araripe, em 2011, foram cerca de 4
mil fósseis achados. Os trabalhos de campo prosseguem no próximo ano.
Segundo a coordenação do projeto, que reúne pesquisadores de três
universidades, tendo à frente a Universidade Regional do Cariri (Urca), o
trabalho representa um marco para a pesquisa paleontológica e formação
de novos profissionais na área, além de revelar grande descobertas, a
exemplo de uma espécie única de camarão encontrado na área e um dos
maiores pterossauros já descritos, achados no ano de 2011.
O trabalho faz parte do projeto de pesquisa "Estudos Sistemáticos e Paleoecológicos da Fauna de Vertebrados das Formações Crato e Romualdo (grupo Santana) da Bacia do Araripe".
O projeto vem sendo coordenado por
meio da Urca. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Álamo
Feitosa, o trabalho veio mais uma vez dar uma importante contribuição
para o fortalecimento das pesquisas no âmbito da Paleontologia.
Em
Santana do Cariri, uma das áreas de maior incidência de fósseis da
Bacia, foram encontradas diversas peças de peixes, comuns na formação
Romualdo.
Até o momento foram descritas 26 espécies achadas na região, mas, de acordo com o coordenador das pesquisas, novidades poderão surgir a partir dos folhelhos encontrados.
Nessas peças, podem
ser vistas pequenas espécies de peixes, de até 3 centímetros "Desse
material poderá surgir algo diferente do que já foi descrito até o
momento", afirma o pesquisador.
Reserva técnica
Todo o material encontrado será repassado para o Museu de Santana do Cariri e também os museus de Pernambuco e Nacional, no Rio de Janeiro, além do laboratório de Paleontologia da Urca, já que são fósseis considerados comuns e que já existem em abundância na área do Araripe.
As peças
encontradas também serão encaminhadas para fins de pesquisa. É que neste
caso, há a utilização de material químico e alguns fósseis chegam a
quebrar durante os estudos.
O número de achados nos três nos de trabalho deverá ser bem representativo. Caso chegue à quantidade estimada, deverá até ultrapassar o acervo atual do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, que possui mais de nove mil fósseis. "O material, na verdade, fará parte da reserva técnica", afirma Álamo.
A escavação realizada durante 15 dias, finalizada na última semana, aconteceu no Parque dos Pterossauros, em Santana do Cariri, responsável por importantes achados fósseis, que vem sendo realizada desde 2011 na área da Bacia Sedimentar do Araripe.
As escavações foram feitas a 2km da
cidade, envolvendo 20 pesquisadores da Urca, Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por
meio do Museu Nacional.
Período Cretáceo
O Parque dos Pterossauros denomina um dos nove geossítios do Geopark Araripe. No Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, se encontra um dos maiores acervos de fósseis do período Cretáceo do mundo, principalmente conhecido por conter holótipos de pterossauros, os répteis voadores.
No início da pesquisa, em 2011, foi encontrada na
escavação na zona rural de Araripe, a asa de um pterossauro, o
Tropeognathus mesembrinus, considerado um dos maiores do mundo. O
professor Álamo Feitosa ainda afirma que as pesquisas continuam e no
próximo ano será realizada mais uma escavação.
O trabalho de três anos
já é considerado, para o paleontólogo, um grande sucesso e destaca a
região como importante área de pesquisa da paleontologia no Brasil. São
fósseis de mais de 110 milhões de anos.
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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