Resultado surpreendeu cientistas, que esperavam relação entre espécie encontrada na Espanha e os neandertais.
Cientistas divulgaram na quarta-feira o sequenciamento do DNA
mitocondrial (aquele de origem apenas materna) de um hominídeo de cerca
de 400 mil anos - o mais antigo já feito.
O material genético pertencia a
uma espécie de homem antigo que tem traços similares aos neandertais.
Os cientistas esperavam que a análise indicasse que as duas espécies
tinham um ancestral em comum. Contudo, o estudo, divulgado na revista
especializada Nature, teve um resultado inesperado.
Segundo os cientistas, o hominídeo descoberto na
Espanha, muitas vezes classificado como Homo heidelbergensis (uma
classificação considerada muito "ampla" pelos pesquisadores), deve ter
tido o mesmo ancestral que o homem-de-Denisova, um hominídeo que viveu
na Sibéria e que é pouco conhecido pela ciência. A amostra de DNA,
contudo, foi encontrada na Espanha, na caverna Sima de los Huesos.
O material genético costuma se deteriorar com o tempo.
Apenas ossos preservados no permafrost costumam ter DNA inteiro o
suficiente para ser analisado.
Os cientistas, contudo, aproveitaram as
condições da caverna - principalmente de umidade e temperatura constante
- e modernas técnicas de sequenciamento para analisar o material.
"Foram necessários quase dois gramas de osso para gerar a
sequência do DNA mitocondrial, mesmo havendo centenas de cópias por
célula. Apesar de a preservação por longos períodos talvez ter sido
favorecida pelas condições únicas de Sima de los Huesos, os resultados
mostram que as técnicas de sequenciamento de DNA têm se tornado
sensíveis o suficiente para garantir a investigação de DNA que
sobreviveu em locais onde hominídeos do Pleistoceno Médio foram
encontrados", diz o artigo, assinado por cientistas da Alemanha, China e
Espanha.
Os hominídeos da caverna espanhola e o homem-de-Denisova
teriam, portanto, um ancestral em comum. Este teria um ancestral em
comum com os neandertais e estes, por sua vez, teriam um ancestral em
comum com o humano moderno (Homo sapiens).
Segundo Matthias Meyer, do Instituto Max Planck de
Antropologia Evolutiva (Alemanha), não temos muita ideia de como muitos
desses humanos primitivos se pareciam.
O homem-de-Denisova, em especial,
é o mais misterioso, já que dele temos apenas mandíbulas, dentes e o DNA - que foi sequenciado recentemente.
"Os dentes eram enormes em comparação com os dentes do
neandertal e do homem moderno. A única coisa que quase podemos dizer é
que eles deveriam ser muito grandes, pelo menos tinham grandes bocas",
diz Meyer ao podcast da Nature, também divulgado na quarta-feira.
"Então, esses outros humanos eram bem diferentes do humano moderno, mas
eles não eram parecidos com chimpanzés. Eles eram muito mais parecidos
com humanos (modernos) do que com chimpanzés."
O próximo passo é analisar o DNA nuclear dos hominídeos
da caverna espanhola, o que pode dar mais detalhes da relação deles com o
homem-de-Denisova, com os neandertais e com o humano moderno. A tarefa,
contudo, é considerada um desafio pelo grupo.
Fonte: Terra
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