quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

JK foi assassinado, não foi acidente: a verdade 40 anos depois

 
 
A verdadeira causa da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, também conhecido como JK, foi revelada nesta terça-feira, quase 40 anos depois da noticia mentirosa de que ele teria sido vítima de um acidente de carro, em 1976.
 
 
A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, nominada “Comissão Vladimir Herzog”, declarou que não há dúvidas de que JK foi assassinato pela ditadura militar dos anos 70.
 
 
O relatório, apresentado nesta terça-feira, tem mais de 90 indícios, evidências e provas de que o JK não sofreu apenas um acidente de carro em 22 de agosto de 1976, durante viagem de carro na Rodovia Presidente Dutra, no Rio de Janeiro.  
 
 
"Não temos dúvida de que Juscelino Kubitschek foi vítima de conspiração, complô e atentado político. Há provas documentais e testemunhos importantes, em mais de 29 páginas do relatório”, conta Gilberto Natalini. 
 
 
Depoimentos
 
 
Há cerca de um mês e meio, a Comissão da Verdade ouviu o depoimento do motorista Josias Nunes de Oliveira, hoje com 69 anos, apontado durante a Ditadura como o responsável pelo acidente que provou a morte do ex-presidente. 
 
 
Na ocasião do depoimento, Oliveira disse que depois do acidente dois homens ofereceram, na delegacia e na casa dele, dinheiro para que assumisse a culpa pelo acidente de 76. 
 
 
O motorista dirigia o ônibus Cometa que bateu contra o carro do ex-presidente, matando Kubitschek e o motorista do carro, Geraldo Ribeiro, que na época dirigia o Chevrolet Opala adorado pelo ex-mandatário brasileiro.
 
 
“Eles foram na minha casa e disseram que se eu não aceitasse o dinheiro e assumisse a culpa, eles bateriam em mim”, declarou aos vereadores Josias Nunes de Oliveira.
 
 
Além de Josias, a Comissão Municipal ouviu Serafim Jardim, que era secretário particular de Juscelino naquela ocasião; Paulo Castelo Branco, que solicitou a reabertura das investigações do caso em 1996; Paulo Oliver, um dos 33 passageiros do ônibus dirigido por Oliveira; e Gabriel Junqueira Villa Forte, filho do proprietário do hotel no qual o ex-presidente ficou hospedado antes do acidente fatal daquela noite. 
 
 
No depoimento dado à comissão em Agosto, Serafim Melo Jardim disse ter certeza de que JK vinha sendo vigiado.
 
 
"Acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre que viajávamos ele dizia: "Estão querendo me matar", afirmou o ex-secretário, que acompanhou JK durante os últimos nove meses de vida. 
 
 
Fraudes
 
 
Na época do acidente, Juscelino Kubitschek tinha 73 anos e havia recuperado os direitos políticos cassados pelo regime militar pouco tempo antes.
 
 
Ele sempre foi tido como “inimigo dos militares” e “ameaça” à estabilidade política daquele período. 
Segundo o vereador Gilberto Natalini, a partir desses quatro depoimentos a Comissão começou a investigar o caso e chegou ao veredicto: “Em cima desses depoimentos, fomos atrás de documentos que comprovassem as informações. Descobrimos laudos falsos, erros processuais e de perícia que nos levaram a declarar que Juscelino Kubitschek fora vítima de uma conspiração”, afirma o presidente da comissão. 
 
 
Os documentos que comprovam a linha de raciocínio defendida pela comissão paulistana serão apresentados nesta terça-feira, na Câmara. 
 
 
A partir do momento que o relatório for público, a Comissão Vladimir Herzog deve encaminhar os documentos para Brasília, no intuito de que a Comissão Nacional da Verdade também declare o assassinato de Juscelino Kubitschek.
 
 
“É um caso de Justiça para com os brasileiros, a família do ex-presidente e a história do nosso país”, aponta Natalini, que também já foi perseguido político, torturado pelos militares na época do regime de exceção pela operação Oban.
 
 
Retificação
 
 
O grupo pedirá ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Presidência da República que retifiquem a causa mortis de JK.
 
 
"Vamos pedir uma nova exumação dos ossos de Ribeiro", afirmou o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão. A primeira exumação foi feita em 14 de agosto de 1996.
 
 
Em depoimento que consta do relatório, o perito criminal Alberto Carlos de Minas declarou ter visto um furo no crânio do motorista com "característica de buraco provocado por projétil de arma de fogo".
 
 
Na ocasião, segundo o perito, as autoridades de Minas Gerais teriam proibido que ele fotografasse o crânio, alegando que ele estaria "esfacelado".
 
 
Com informações do Terra e Estadão.
 
 
 
Fonte: Band

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