sábado, 7 de dezembro de 2013

Primeiros sul-americanos comiam preguiças gigantes



As preguiças gigantes faziam parte da dieta de uma população que habitou o Uruguai há 30 mil anos , sugerindo que os humanos chegaram às Américas bem antes do que se pensava, segundo um novo estudo.


A descoberta e outros achados recentes reforçam a teoria de que os humanos chegaram à América do Sul atravessando os oceanos – e muito antes de alcançarem a América do Norte a partir do nordeste da Ásia no final do último período da era glacial, cerca de 16 mil anos atrás. O estudo foi publicado na última edição da revista Proceedings of the Royal Society B.


Ao que parece, esses indivíduos corajosos não se esquivavam de presas grandes, já que a preguiça gigante era seu prato principal.


“Se nossa interpretação estiver correta e as preguiças eram consumidas, devem ter sido uma boa fonte de carne devido a seu tamanho descomunal”, comentou Richard Fariña ao Discovery Notícias. As preguiças gigantes chegavam a medir 4,5 metros de comprimento e pesar entre 2 e 4 toneladas.


Paleontólogo da Universidade de la Republica, Fariña e sua equipe analisaram mais de mil ossos escavados em um local chamado Arroyo del Vizcaíno, perto de Sauce, no Uruguai.


Os ossos pertenciam a pelo menos 27 indivíduos, a maioria do gênero Lestodon. A datação por radiocarbono sugere que o local e os ossos datam de 30 mil anos atrás.


Os pesquisadores concluíram que vários dos ossos das preguiças apresentavam profundas marcas assimétricas, compatíveis com as produzidas por ferramentas de pedra fabricadas por humanos.


Uma pedra em forma de raspadeira mostra sinais de desgaste, provavelmente por ter sido usada por seres humanos, sugere Fariña. Ele acrescentou que não há evidências de que os ossos façam parte de um depósito fluvial ou de outras formações naturais.


Praticamente todos os ossos pertenciam a preguiças gigantes adultas e corpulentas, o que reforça a hipótese de que e os humanos as comiam, já que uma coleção natural de ossos incluiria indivíduos que representam várias faixas etárias.


Na época dessas preguiças, a paisagem apresentaria um “riacho que atravessava gentilmente pradarias ondulantes”, descreve Farina, semelhante à do sítio arqueológico atual.


No mês passado, outra equipe de pesquisadores do Brasil encontrou artefatos – incluindo pinturas rupestres e arte em cerâmica – no Parque Nacional da Serra da Capivara, no nordeste do Piauí. Os objetos mais antigos datam de 30 mil anos atrás.


A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, que trabalhou no projeto e chefiou explorações no interior do Piauí, declarou que, à luz dos achados do Uruguai e do Brasil, é hora de repensar como e quando as Américas começaram a ser povoadas.


Reunindo as últimas evidências, ela acredita que os primeiros humanos chegaram pela água à América do Sul há pelo menos 30 mil anos, e talvez bem antes disso.


“Há 130 mil anos, a África apresentava um clima muito seco, que originou os desertos. As pessoas tentavam encontrar alimento no mar. Como as correntes e os ventos fluíam da África para o nordeste do Brasil, é possível que alguns barcos tenham chegado ao litoral do Piauí”, teoriza.


Até hoje, essas mesmas correntes marítimas e de vento beneficiam navios de cruzeiro que seguem para o Brasil. Os antepassados dos povos indígenas do Piauí e de regiões vizinhas tinham “pele escura e seu cabelo era preto, mas liso, e não encaracolado”, descreve Guidon.


Em breve, os visitantes do Uruguai poderão ver os fascinantes artefatos de Arroyo del Vizcaíno.



Fonte: Discovery

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