As preguiças gigantes faziam parte da dieta de uma população que
habitou o Uruguai há 30 mil anos , sugerindo que os humanos chegaram às
Américas bem antes do que se pensava, segundo um novo estudo.
A descoberta e outros achados recentes reforçam a teoria de que os
humanos chegaram à América do Sul atravessando os oceanos – e muito
antes de alcançarem a América do Norte a partir do nordeste da Ásia no
final do último período da era glacial, cerca de 16 mil anos atrás. O
estudo foi publicado na última edição da revista Proceedings of the
Royal Society B.
Ao que parece, esses indivíduos corajosos não se esquivavam de presas
grandes, já que a preguiça gigante era seu prato principal.
“Se nossa interpretação estiver correta e as preguiças eram
consumidas, devem ter sido uma boa fonte de carne devido a seu tamanho
descomunal”, comentou Richard Fariña ao Discovery Notícias. As preguiças
gigantes chegavam a medir 4,5 metros de comprimento e pesar entre 2 e 4
toneladas.
Paleontólogo da Universidade de la Republica, Fariña e sua equipe
analisaram mais de mil ossos escavados em um local chamado Arroyo del
Vizcaíno, perto de Sauce, no Uruguai.
Os ossos pertenciam a pelo menos 27 indivíduos, a maioria do gênero Lestodon. A datação por radiocarbono sugere que o local e os ossos datam de 30 mil anos atrás.
Os ossos pertenciam a pelo menos 27 indivíduos, a maioria do gênero Lestodon. A datação por radiocarbono sugere que o local e os ossos datam de 30 mil anos atrás.
Os pesquisadores concluíram que vários dos ossos das preguiças
apresentavam profundas marcas assimétricas, compatíveis com as
produzidas por ferramentas de pedra fabricadas por humanos.
Uma pedra em forma de raspadeira mostra sinais de desgaste,
provavelmente por ter sido usada por seres humanos, sugere Fariña. Ele
acrescentou que não há evidências de que os ossos façam parte de um
depósito fluvial ou de outras formações naturais.
Praticamente todos os ossos pertenciam a preguiças gigantes adultas e
corpulentas, o que reforça a hipótese de que e os humanos as comiam, já
que uma coleção natural de ossos incluiria indivíduos que representam
várias faixas etárias.
Na época dessas preguiças, a paisagem apresentaria um “riacho que
atravessava gentilmente pradarias ondulantes”, descreve Farina,
semelhante à do sítio arqueológico atual.
No mês passado, outra equipe de pesquisadores do Brasil encontrou
artefatos – incluindo pinturas rupestres e arte em cerâmica – no Parque
Nacional da Serra da Capivara, no nordeste do Piauí. Os objetos mais
antigos datam de 30 mil anos atrás.
A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, que trabalhou no projeto
e chefiou explorações no interior do Piauí, declarou que, à luz dos
achados do Uruguai e do Brasil, é hora de repensar como e quando as
Américas começaram a ser povoadas.
Reunindo as últimas evidências, ela acredita que os primeiros humanos
chegaram pela água à América do Sul há pelo menos 30 mil anos, e talvez
bem antes disso.
“Há 130 mil anos, a África apresentava um clima muito seco, que
originou os desertos. As pessoas tentavam encontrar alimento no mar.
Como as correntes e os ventos fluíam da África para o nordeste do
Brasil, é possível que alguns barcos tenham chegado ao litoral do
Piauí”, teoriza.
Até hoje, essas mesmas correntes marítimas e de vento beneficiam
navios de cruzeiro que seguem para o Brasil. Os antepassados dos povos
indígenas do Piauí e de regiões vizinhas tinham “pele escura e seu
cabelo era preto, mas liso, e não encaracolado”, descreve Guidon.
Em breve, os visitantes do Uruguai poderão ver os fascinantes artefatos de Arroyo del Vizcaíno.
Fonte: Discovery
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