Uma antiga caverna de pedra calcária em uma zona rural que fica a
leste de Tel Aviv, em Israel, proporcionou a um grupo de cientistas uma
visão remota e fascinante do passado.
Eles acreditam que naquele espaço
tenha sido criada a mais antiga fogueira da Humanidade. Ao redor dela,
famílias cozinharam periodicamente suas refeições há mais de 300 mil
anos.
Para o arqueólogo da Universidade de Tel Aviv Ran Barkai,
esta é a mais antiga evidência que se tem a respeito da domesticação do
fogo.
- Trazer um pedaço de carne para casa e assá-lo parece algo
extremamente natural para nós, mas não é. O momento em que isso passou a
ser feito representa uma etapa crucial na evolução biológica e cultural
humana - explica o cientista.
A fogueira foi localizada dentro da
caverna Qesem, que fica em uma região conhecida como “Levante”, ao sul da
Turquia, Síria, Jordânia, Líbano e Israel. A identidade de quem usava o
espaço ainda é um mistério. Especula-se, inclusive, uma nova linhagem de
hominídeos.
- Parece evidente que os moradores daquele espaço
apresentavam características diferentes das dos Homo erectus. Pode haver
uma nova linhagem que apresenta certa afinidade com os sapiens e os
neandertais - aponta o arqueólogo.
A Caverna Qesem foi
originalmente descoberta em outubro de 2000 por uma equipe que estava
construído uma estrada próximo à região. As escavações e análises, no
entanto, levaram anos para serem concluídas.
Os cientistas
descobriram uma espessa camada de cinzas no centro do espaço. Utilizando
espectroscopia de infravermelho, eles perceberam que os pequenos
pedaços de osso fragmentos e misturados às cinzas haviam sido aquecidos a
temperaturas elevadas. Este resultado sugere que a fogueira tenha sido
usada para cozinhar.
Foi esclarecido também que o material era
fruto de uma queimada continua, já que havia várias camadas. Isso afasta
a hipótese de que o local tenha sido palco para um fogo efêmero, de
apenas uma noite, por exemplo.
Restos carbonizados de ossos de animais e
ferramentas de pedra usados para partir carne também foram as
evidências adicionais que concluíram a grande descoberta.
A
fogueira deve ter representado o centro da vida doméstica de várias
gerações de famílias de caçadores-coletores que percorriam a região, diz
Barkai. Além do fogo, a região também oferecia em suas proximidades
água doce e bons afloramentos de pedra, além de madeira em abundância.
-
Nós acreditamos que um grupo relativamente pequeno viveu ali. Talvez
duas famílias, num total de 15 a 20 pessoas - apontou Barkai.
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