O lenço foi conservado como lembrança em um recipiente decorado que
remonta a Revolução Francesa
O sangue conservado por mais de dois
séculos em um lenço como sendo do rei francês Luís XVI passou por uma
análise de DNA que revelou que ele não era do monarca, que morreu na
guilhotina na França.
O lenço foi conservado como lembrança em um recipiente decorado que
remonta a Revolução Francesa e sua autenticidade é contestada há muitos
anos.
Para atingir este novo resultado, publicado na revista Scientific
Reports, a equipe de Carles Lalueza-Fox (Instituto de Biologia
Evolucionária de Barcelona, Espanha) sequenciou o genoma completo do
sangue contido na relíquia. A primeira análise completa para um
indivíduo pertencente a história recente.
As conclusões são inequívocas: "Nossos resultados sugerem que esta amostra não pode corresponder ao suposto rei".
Propriedade de uma família aristocrática italiana, a relíquia
supostamente continha um lenço embebido em sangue real no dia em que
Luís XVI morreu na guilhotina, em 21 de janeiro 1793.
Uma amostra do sangue passou por uma primeira análise genética em
2010, sob a direção de Carles Lalueza-Fox. Na ocasião, foi descartado,
em particular, um gene associado aos olhos azuis, a cor dos olhos do
monarca.
No final de 2012, a autenticidade parecia se confirmar, com a
aparição muito polêmica da cabeça mumificada que se acredita ser a de
Henri IV, ascendente de Luís XVI, assassinado em 1610.
Uma equipe reunindo Philippe Charlier (Faculdade de Ciências da
Saúde, Montigny-le-Bretonneux, França), especialista em enigmas
históricos e defensor da autenticidade da referida cabeça, e Carles
Lalueza-Fox, encontraram um perfil genético comum entre o DNA "paternal"
das duas supostas relíquias.
Mas em outubro de 2013, um novo estudo genético, desta vez conduzido
por Jean-Jacques Cassiman (Universidade de Louvain, Bélgica), refutou a
autenticidade do sangue atribuído a Luís XVI, com base em uma comparação
com as amostras de DNA de três descendentes vivos da Família Bourbon.
A análise genômica apresentada na quinta-feira por Carles
Lalueza-Fox, de uma nova amostra, muito mais completa e detalhada, vai
na direção do estudo de Cassiman.
A equipe apresenta dois argumentos que tornam muito improvável, se
não completamente impossível, a autenticidade do suposto sangue de Luís
XVI.
Em primeiro lugar a análise do fenótipo. Os cientistas se
concentraram em duas características físicas conhecidas do rei, seus
olhos azuis e sua grande altura.
A probabilidade de que o indivíduo a
quem pertenceu o sangue tenha tido olhos azuis "é de apenas 2,4%",
segundo Lalueza-Fox:
"Não é impossível, mas bastante improvável".
A mesma conclusão para a altura, apesar de variações genéticas serem
mais difíceis de identificar: o genoma não corresponde ao de um
indivíduo alto.
Fonte: Info
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