quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Pesquisadores descobrem três espécies extintas parecidas com o esquilo

As novas espécies foram descritas a partir de fósseis de 160 milhões de anos encontrados na China - Zhao Chuang/Divulgação




 
Resultados levantam a suposição de uma origem mais cedo para os mamíferos, no final do período Triássico.
 
 
Paleontólogos do Museu Americano de História Natural e da Academia Chinesa de Ciências descreveram três novas espécies de pequenos esquilos que colocaram o pouco compreendido grupo mesozóico firmemente na árvore genealógica dos mamíferos. 
 
 
O estudo, publicado nesta quarta-feira na revista “Nature”, defende a ideia de que os mamíferos - um grupo extremamente diversificado que inclui os monotremados que botam ovos, como o ornitorrinco, os marsupiais, como o gambá, e os placentários, como os seres humanos e as baleias - se originaram no fim do período Triássico, muito mais cedo do que pesquisas anteriores sugerem.
 
 - Durante décadas, os cientistas têm debatido se o grupo extinto, chamado Haramiyida, pertence ou não ao grupo dos mamíferos - disse o coautor do estudo Jin Meng, curador da Divisão de Paleontologia do Museu. - Antes, tudo o que se sabia sobre estes animais era baseado em mandíbulas fragmentadas e dentes isolados.


Mas os novos espécimes que descobrimos são extremamente bem preservados. E com base nesses fósseis, agora temos uma boa idéia de como esses animais realmente eram, que confirma que eles são, de fato, mamíferos.


As três novas espécies - Shenshou lui, Xianshou Linglong, e Xianshou songae - são descritas a partir de seis quase completos fósseis de 160 milhões de anos encontrados na China.


Os animais, que os pesquisadores colocaram em um novo grupo, ou clade, chamado Euharamiyida, provavelmente se parecia com pequenos esquilos. Eles pesavam por volta de 300g e tinham cauda e os pés que indicam que eles eram moradores de árvores.


- Eles eram bons escaladores e provavelmente passaram mais tempo do que os esquilos nas árvores - disse Meng. - Mãos e pés foram adaptados para pegar galhos, mas eles não eram bons para correr no chão.


Os membros do Euharamiyida provavelmente comiam insetos, nozes e frutas com seus dentes “estranhos”, que têm muitos cúspides, ou pontos em relevo, nas coroas. Pensava-se que os mamíferos evoluíram a partir de um ancestral comum que tinha três cúspides; os molares humanos podem ter até cinco.


Mas as espécies recém-descobertas tinham duas filas paralelas de cúspides em cada molar, com até sete cúspides de cada lado. Como esse padrão complexo de dente evoluiu em relação aos de outros mamíferos tem intrigado cientistas há décadas.


Apesar da padronização incomum de dente, a morfologia geral, ou as características físicas, observadas nos novos fósseis haramiyidan é de mamífero.


Por exemplo, as amostras mostram a evidência de uma orelha secundária de mamífero típico, a área logo dentro do tímpano que transforma as vibrações do ar em ondulações nos fluidos do ouvido. As orelhas médias de mamíferos são únicas por terem três ossos, como evidenciado nos novos fósseis.


No entanto, a colocação das novas espécies na classe Mammalia levanta outra questão: com base na idade das espécies Euharamiyida e seus parentes, a divergência dos mamíferos a partir dos répteis deve ter acontecido muito antes do que uma pesquisa estimou.


Em vez de originário do Jurássico Médio (entre 176 e 161 milhões de anos atrás), os mamíferos apareceram provavelmente pela primeira vez no final do Triássico (entre 235 e 201 milhões de anos atrás). Este achado corresponde com alguns estudos que utilizaram dados de DNA.


- O que estamos mostrando aqui é muito convincente de que estes animais são mamíferos, e que precisamos voltar no tempo para as divergências com mamíferos - disse Meng. - Mas ainda mais importante é que esses novos fósseis apresentam um novo conjunto de caracteres que podem ajudar a nos dizer muitas mais histórias sobre antigos mamíferos.

 
 
 
Fonte: O Globo

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