sábado, 13 de dezembro de 2014

'Mundo perdido' de Lengguru promete dezenas de espécies novas

Foto de Jean-Marc Porte/ird/AFP

 Barcos da expedição científica em Lengguri, em frente à cadeia montanhosa de mesmo nome


A exploração realizada por um grupo de cientistas em Lengguru, considerada a expedição científica mais importante até hoje no território indonésio, acaba de retornar, com a certeza de ter descoberto dezenas de espécies até então desconhecidas.


Durante cinco semanas, do dia 17 de outubro a 20 de novembro, 24 pesquisadores europeus e 42 cientistas indonésios exploraram a excepcional biodiversidade de Lengguru, um maciço situado no setor indonésio da Ilha da Nova Guiné.


Lengguru, constituída por formações calcárias chamadas "karsts", caracteriza-se por uma série de dobras montanhosas que culminam entre 900 e 1.500 metros, separadas por vales profundos, onde o fluxo das águas se perde nas falhas.


Laurent Pouyaud, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) da França, descreve com entusiasmo um imenso labirinto, "uma sucessão de ecossistemas que não se vê em nenhuma parte".


Os cientistas tiveram "acesso a fragmentos de novos mundos, um pouco como no universo imaginário do filme Avatar", explicou esta semana, em Paris, ao apresentar à imprensa o primeiro balanço das explorações.


O "Mundo Perdido" de Lengguru, de dez milhões de anos e que já foi objeto de uma expedição preliminar em 2010, proporcionou aos cientistas diversas surpresas.


- "Rãs e animais misteriosos" -


O biólogo cita a presença de peixes em zonas completamente isoladas. "É a prova de que esses peixes estão ali desde sempre, antes da formação das montanhas", afirmou.


Também encontraram rãs misteriosas, as quais os pesquisadores estão convencidos, depois de escutá-las, de que pertencem a espécies diferentes, apesar de aparentemente idênticas.


Geólogos, oceanógrafos, zoólogos e botânicos exploraram três ambientes diferentes: terrestre, subterrâneo (com o apoio de espeleólogos) e marinho (com ajuda de mergulhadores).


Laurent Pouyaud fez o balanço da exploração terrestre: conheceram mais de 50 espécies de pássaros, 47 de répteis, 35 de anfíbios, 20 de morcegos, além de muitos animais pequenos, como os grilos (entre 100 e 150 espécies).


Em meio à enorme riqueza natural, os cientistas esperam poder confirmar a existência de várias dezenas de espécies novas, embora as descobertas ainda precisem ser confirmadas por análises em laboratório.


Quanto à flora, foram reconhecidas entre 100 e 300 espécies de orquídeas, "incluindo uma parte importante de espécies novas". No entanto, os botânicos deverão ter paciência e esperar que algumas floresçam para confirmar que são novas.


O balanço da parte submarina da exploração permite também constatar "um número significativo de espécies novas", afirmou Régis Hocdé, outro responsável do IRD. Os mergulhadores encontraram faixas extensas de corais e uma grande diversidade de pepinos-do-mar, moluscos e flores marinhas.


As amostras estão armazenadas na Ilha de Java e no Instituto Indonésio de Ciências (LIPI), membro da expedição, junto ao IRD e à Academia de Perca de Sorong.


"Tudo que puder ser analisado, será", disse Laurent Pouyaud.


"O que nos interessa não é somente a descrição das novas espécies", afirmou. Os cientistas querem compreender o motivo desta região excepcional ter tantas espécies, "como surgiu essa biodiversidade e como se mantém".


Também desejam conseguir material para prever como será a evolução da Terra, vítima do aquecimento global e das atividades humanas.





Fonte: Yahoo!

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