O conteúdo de centenas de rolos de papiros que foram transformados em
carvão, após a erupção do Monte Vesúvio na Itália em 79 dC -- um dos
grandes desastres naturais da Antiguidade -- há muito tempo permaneceu
um mistério. Mas isso está mudando.
Um estudo publicado na revista Nature Communications indica que
pesquisadores europeus conseguiram fazer a leitura de um pergaminho
queimado que foi dado a Napoleão Bonaparte como um presente, em 1802,
disse Brun.
Segundo cientistas, uma tecnologia sofisticada lhes permitiu decifrar
alguns dos textos dos pergaminhos que estavam alojados em uma suntuosa
casa em Herculano antigo, uma cidade que tinha vista para a Baía de
Nápoles.
A biblioteca era parte do que é chamado de Villa dos Papiros e que pode
ter pertencido ao padrasto de Júlio César. Outras bibliotecas da
antiguidade foram descobertas, mas esta é a única que teve seus
pergaminhos encontrados.
Juntamente com sua "cidade-irmã" Pompeia, Herculano foi enterrada pela
erupção vulcânica. Os rolos foram carbonizados por uma explosão de gás
vulcânico, resultando em um material semelhante a troncos queimados.
Cerca de 1.800 pergaminhos foram descobertos na década de 1750. Alguns
foram decifrados; a maioria, não. Os métodos utilizados ao longo dos
anos para desenrolar os documentos ou separar suas camadas acabaram
destruindo muitos pergaminhos.
O papiro carbonizado e a tinta preta utilizada nos pergaminhos têm
composições muito semelhantes, o que torna difícil distinguir a escrita
usando métodos de digitalização, mesmo avançados. Mas esses
pesquisadores usaram uma tecnologia semelhante à tomografia
computadorizada para decifrar a escrita, permitindo que o pergaminho
continuasse enrolado.
"[Os pergaminhos] São extremamente frágeis porque eles são como pedaços
de carvão", diz Emmanuel Brun, do centro de pesquisa European
Synchrotron Radiation Facility, em Grenoble, na França. Brun e Ludwig
Maximilians, da Universidade Munique, na Alemanha, lideraram a equipe
nesse estudo.
O método foi utilizado em um rolo carbonizado intacto, bem como em
fragmentos, de acordo com Vito Mocella, do Instituto de Microeletrônica e
Microssistemas, que faz parte do Conselho Nacional de Pesquisa em
Nápoles, na Itália.
Os pesquisadores determinaram que a escrita era em grego antigo, e o
pergaminho intacto pode conter um texto escrito pelo filósofo Filodemo
no 1º século antes de Cristo.
Embora o estudo não tenha a intenção de revelar o conteúdo completo dos
pergaminhos, Mocella afirma que há planos de usar a tecnologia para
decifrar as centenas de pergaminhos restantes. Especialistas acreditam
que eles possam conter famosas obras antigas que estão perdidas.
"Estamos muito animados com essa possibilidade, pois sabemos o imenso
valor para o estudo da antiga civilização grega e latina", afirma
Mocella.
Fonte: UOL
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