É a primeira vez que animais deste tipo passaram em teste criado para estudar capacidade de autoconsciência.
Um dos testes mais aceitos, ainda que polêmico, da capacidade de
autoconsciência de animais, é o reconhecimento de si em um espelho.
Desenvolvido pelo psicólogo americano Gordon Gallup Jr. em 1970, o
animal, geralmente dormindo ou dopado, recebe alguma marcação, como uma
mancha na face ou em outra parte do corpo, que só poderia ver no seu
reflexo. Acordado, é posto em frente a um espelho, e sua reação,
monitorada.
Cientistas já observaram que várias espécies de primatas
superiores, como chimpanzés, gorilas, bonobos e orangotangos, além de
golfinhos e orcas, elefantes e até um tipo de corvo se veem no reflexo e
buscam limpar a mancha. Feito com humanos, o teste demonstrou que os
bebês só ganham a capacidade de autorreconhecimento entre os 18 meses e
os 2 anos.
Mas essa característica também pode ser ensinada. Em estudo realizado
por cientistas chineses e publicado na última edição do periódico
“Current Biology”, macacos do tipo rhesus, que fracassaram em várias
tentativas anteriores, foram treinados a se ver em espelhos e, para a
surpresa dos pesquisadores, uma vez ensinados, continuaram a usar seus
reflexos para observar outras partes do corpo que normalmente não
conseguem enxergar, numa descoberta que pode melhorar a compreensão das
bases da autoconsciência tanto em humanos como em animais, além de
ajudar pacientes que enfrentam problemas nesse tipo de teste, como
autistas, esquizofrênicos e vítimas do mal de Alzheimer.
— Nossos achados sugerem que o cérebro dos macacos já tem o hardware básico para o autorreconhecimento em espelhos, mas precisam de um treinamento apropriado a fim de adquirir o software para esse autorreconhecimento — diz Neng Gong, integrante da Academia de Ciência da China e líder da pesquisa.
Em estudos anteriores com macacos rhesus, cientistas deram espelhos de diferentes tamanhos e formatos para os animais, em alguns casos quando ainda eram bebês. Mas, embora os espécimes mostrassem ter aprendido a usar os espelhos como ferramentas para observar outros objetos, não demonstravam os sinais de autorreconhecimento do teste criado por Gallup.
Assim, Gong e equipe decidiram adotar uma nova abordagem. Eles colocaram os macacos em frente a um espelho e dispararam um laser que provocava uma leve irritação no rosto dos animais. Após duas a cinco semanas sob esse treinamento, os macacos aprenderam a tocar em marcas indolores colocadas na sua face, tornando-se capazes de passar no teste de autorreconhecimento de Gallup.
A maior parte dos animais —cinco entre sete —, no entanto, foi além, passando a usar os espelhos para ver outras partes de seus corpos.
— Embora problemas no autorreconhecimento em pacientes indique a existência de deficits cognitivos ou neurais no processamento de mecanismos cerebrais, nossa descoberta levanta a possibilidade de que estes deficits possam ser remediados via treinamento. Mesmo uma restauração parcial da capacidade de autorreconhecimento neles pode ser uma coisa desejável — justifica Gong.
Fonte: O Globo
— Nossos achados sugerem que o cérebro dos macacos já tem o hardware básico para o autorreconhecimento em espelhos, mas precisam de um treinamento apropriado a fim de adquirir o software para esse autorreconhecimento — diz Neng Gong, integrante da Academia de Ciência da China e líder da pesquisa.
Em estudos anteriores com macacos rhesus, cientistas deram espelhos de diferentes tamanhos e formatos para os animais, em alguns casos quando ainda eram bebês. Mas, embora os espécimes mostrassem ter aprendido a usar os espelhos como ferramentas para observar outros objetos, não demonstravam os sinais de autorreconhecimento do teste criado por Gallup.
Assim, Gong e equipe decidiram adotar uma nova abordagem. Eles colocaram os macacos em frente a um espelho e dispararam um laser que provocava uma leve irritação no rosto dos animais. Após duas a cinco semanas sob esse treinamento, os macacos aprenderam a tocar em marcas indolores colocadas na sua face, tornando-se capazes de passar no teste de autorreconhecimento de Gallup.
A maior parte dos animais —cinco entre sete —, no entanto, foi além, passando a usar os espelhos para ver outras partes de seus corpos.
— Embora problemas no autorreconhecimento em pacientes indique a existência de deficits cognitivos ou neurais no processamento de mecanismos cerebrais, nossa descoberta levanta a possibilidade de que estes deficits possam ser remediados via treinamento. Mesmo uma restauração parcial da capacidade de autorreconhecimento neles pode ser uma coisa desejável — justifica Gong.
Fonte: O Globo
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