Imprensa alemã divulgou que fontes ligadas à investigação disseram que próximo ao caixão de Murnau foram encontrados restos de velas pretas.
Os funcionários do cemitério Stahnsdorfer Südwestkirchhof, que fica
próximo a Berlim, levaram um susto quando chegaram para trabalhar na
última segunda-feira (13). Criminosos haviam violado o túmulo do diretor
Friedrich Wilhelm Murnau (1888-1931), que ficou famoso pelo filme
Nosferatu (1922), e roubado seu crânio.
A polícia criminal de Potsdam que investiga o inusitado roubo ainda não
tem suspeitos. Os motivos desse crime também são um mistério. “Ainda
estamos bem no início da investigação. Estamos pedindo a ajuda da
população para resolver o caso, procuramos testemunhas que possam nos
dar algum indício que nos leve ao autor do crime”, afirmou em entrevista
ao Terra o porta-voz da instituição Axel Schugardt.
Ao encontrar o mausoléu com a porta arrombada por volta das 8h da
manhã, os funcionários avisaram imediatamente a polícia. Uma equipe da
perícia foi enviada ao local para recolher provas. Schugardt não quis
dar detalhes sobre a análise pericial.
Porém, a imprensa alemã divulgou que fontes ligadas à investigação
disseram que próximo ao caixão de Murnau foram encontrados restos de
cera preta. Por isso, os investigadores não descartam a hipótese de que a ação
tenha sido parte de algum ritual obscuro.
A data exata do roubo também é um enigma. “Pode ter ocorrido no final
de semana ou há uma semana”, afirmou Schugardt e ressaltou que essa é a
primeira vez que um crime como esse ocorre na região.
Tudo indica que o criminoso sabia exatamente o que procurava. Apenas o
túmulo de Murnau foi violado, disse o diretor do cemitério Olaf
Ihlefeldt ao jornal alemão Tagesspiegel. No mesmo mausoléu, estavam
também os caixões dos dois irmãos do cineasta. E eles permaneceram
intactos.
Clássico do terror
O cineasta alemão Friedrich Wilhelm Murnau se tornou mundialmente conhecido após lançar Nosferatu – A Sinfonia do Horror, em 1922. O clássico do expressionismo alemão é considerado o primeiro filme de terror da história.
Alguns pesquisadores afirmam que diversos símbolos
ocultistas aparecem no decorrer do longa, sendo a carta escrita por
Nosferatu a Knock, na qual símbolos cabalistas teriam sido
identificados, um deles.
O longa é uma adaptação do romance Drácula, de Bram Stoker e causou
polêmica após a sua estreia. O diretor foi processado pela viúva de
Stoker por violação dos direitos autorais. A Justiça alemã ordenou, por
fim, a destruição de cópias do filme. Algumas, porém, foram guardadas,
preservando assim o clássico.
Após Nosferatu, Murnau lançou outros filmes como Fausto – Um conto
alemão e Aurora, seu primeiro rodado em Hollywood. Em 1931, o cineasta
morreu aos 41 anos em um acidente de carro na Pacific Coast Highway, em Santa Bárbara, Califórnia., nos Estados Unidos.
Um
ano depois seu corpo embalsamado foi trazido para a Alemanha, onde foi enterrado no
mausoléu em Stahnsdorfer Südwestkirchhof e permaneceu em paz por 83
anos. Segundo Ihlefeldt, na década de 1970 houve uma tentativa de violar
o túmulo do cineasta.
O cemitério é alvo constante de ladrões de cobre, por isso, várias
câmeras de segurança foram instaladas no local, mas elas são ligadas
somente à noite. De acordo como o jornal Tagesspiegel, a análise das
imagens não apontou informações relacionadas ao roubo.
Cabe agora à polícia desvendar os mistérios do crime: se ele foi
motivado por algum ritual macabro, se o crânio foi roubado para ser
vendido no mercado negro ou guardado para adoração, ou se há ainda algum
outro motivo obscuro.
Além do delito de roubo, o ladrão de crânio também responderá pelo
crime de perturbação da paz de mortos, cuja pena pelo direito criminal
alemão pode chegar a três anos de prisão, juntamente com o pagamento de
uma indenização.
Fonte: Terra/Daily Mail
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