Genoma africano antigo corrobora tese de que houve corrente migratória do oeste da Eurásia para o Chifre da África há cerca de 3 mil anos.
O DNA extraído do crânio de um homem enterrado há mais de 4.500 anos
numa caverna da Etiópia tem ajudado a esclarecer a ascendência dos
africanos modernos, além de fortalecer a teoria de que agricultores
migraram da Eurásia para o Chifre da África há cerca de 3 mil anos.
"Esse é o primeiro genoma de um homem primitivo encontrado na África a
ser sequenciado", afirma o geneticista Marcos Gallego Llorente, da
Universidade de Cambridge, um dos pesquisadores responsáveis pelo
estudo, publicado na revista Science.
A demora se explica pelas altas temperaturas da África – outras
análises do tipo se limitavam a regiões de temperaturas mais baixas,
como o Ártico. Segundo os cientistas, por sorte o clima dentro da
caverna etíope era frio e seco o suficiente para preservar o DNA por
todo esse tempo.
"Com um genoma primitivo, temos uma janela aberta diretamente para o
passado distante. O genoma extraído de um único indivíduo pode fornecer o
retrato de toda uma população", explica outro autor da pesquisa, Andrea
Manica, também da Universidade de Cambridge.
O genoma agora sequenciado permite aos cientistas saber como era o DNA
da população local centenas de anos antes desse movimento migratório. O
resultado da pesquisa corrobora a teoria de que agricultores migraram da
Eurásia para a África há cerca de 3 mil anos, já que esse DNA de 4.500
anos não tem traços de ancestrais da Eurásia.
O genoma do africano primitivo, apelidado de Mota pelos pesquisadores,
mostrou que essa migração "foi duas vezes mais significativa do que se
pensava e afetou a composição genética de populações em todo o
continente africano", diz a equipe, em nota.
O evento, conhecido como o "refluxo da Eurásia", ocorreu quando pessoas
vindas do oeste dessa região, como do Oriente Médio e da Ásia Menor,
ocuparam a área conhecida como Chifre da África, no nordeste do
continente – inversamente ao movimento que levou os primeiros humanos a
deixarem a África, há cerca de 100 mil anos.
Ao comparar o antigo genoma com o DNA de africanos modernos, os
pesquisadores descobriram que as atuais populações do leste da África
têm 25% de ascendência eurasiana por conta dessa onda migratória. Os
povos do leste e do sul devem pelo menos 5% de seu genoma ao evento.
Manica afirma que a pesquisa foi uma grande passo para a ciência, mas
ainda não trouxe respostas para a seguinte pergunta: "O que levou essas
pessoas a migrarem assim tão de repente?".
Fonte: Terra
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