Reconstrução de um crânio de Tiranossauro Rex mostrando a abertura da mandíbula normal (acima) e com a abertura máxima (abaixo)
Um grupo de cientistas britânicos estudou o quanto diferentes tipos de
dinossauros conseguiam abrir a boca e descobriu que o ângulo de abertura
da mandíbula está diretamente relacionado à dieta dos répteis
pré-históricos.
Em geral, carnívoros como o conhecido
Tiranossauro rex escancaravam a mandíbula em até 90 graus, enquanto os
dinossauros herbívoros só conseguiam abri-la até 45 graus. O estudo,
liderada por Stephan Lautenschlager, da Universidade de Bristol (Reino
Unido), foi publicado na quinta-feira, 5, na revista Royal Society
Open Science.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas
utilizaram modelos computacionais para processar os dados, que foram
obtidos com minuciosas análises de fósseis e com os registros
disponíveis sobre o ângulo de abertura das mandíbulas de diversas aves e
répteis modernos.
Os cientistas estudaram a tensão muscular
durante a abertura de mandíbula de três diferentes dinossauros terópodes
que tinham hábitos alimentares distintos.
Os terópodes - palavra
composta dos termos gregos "therós" (fera) e "podós" (pés) - eram um
grande grupo de dinossauros bípedes que inclui os maiores carnívoros que
já viveram sobre a Terra.
"Os dinossauros terópodes, como o
Tiranossauro rex e o Alossauro, são muitas vezes retratados com
mandíbulas muito abertas, presumivelmente para enfatizar sua natureza
carnívora. Mas até agora nenhum estudo havia realmente detalhado a
relação entre a musculatura da mandíbula, sua abertura máxima e o estilo
de alimentação", disse Lautenschlager.
Os três dinossauros
estudados foram o Tyrannosaurus rex, um grande terópode carnívoro com um
crânio robusto e dentes de 15 centímetros, o Alosaurus fragilis, um
terópode menor e mais frágil, embora igualmente carnívoro e o
Erlikosaurus andrewsi, um parente próximo dos dois anteriores, mas que
se alimentava de plantas.
"Todos os músculos, incluindo os que
são utilizados para abrir e fechar a mandíbula, só podem esticar até
certo ponto antes de arrebentarem. Isso limita consideravelmente o
quanto um animal consegue abrir a boca e, portanto, como e de que ele
pode se alimentar", explicou Lautenschlager.
A fim de entender
em detalhes a relação entre tensão muscular e abertura da mandíbula,
minuciosos modelos computacionais foram criados para simular a abertura e
fechamento da boca, enquanto eram medidas as alterações no comprimento
dos "músculos digitais".
As espécies de dinossauros estudadas também
foram comparadas aos seus parentes vivos, como crocodilos e aves, cuja
tensão muscular e abertura máxima da mandíbula são conhecidas.
O
estudo mostrou que o Tiranossauro e o Alossauro eram capazes de abrir a
mandíbula em até 90 graus, enquanto o Erlikossauro abria a boca só até
45 graus.
Entre os dois carnívoros, os resultados mostraram que o
Tiranossauro podia, com sua mordida, produzir uma força muscular
persistente com diversos ângulos de abertura das mandíbulas - o que
seria necessário para romper a pele, despedaçar a carne e esmagar os
ossos das presas.
"Sabemos, por meio dos animais modernos, que
os carnívoros são frequentemente capazes de abrir as mandíbulas mais que
os herbívoros. É interessante ver que isso acontece também no caso dos
dinossauros terópodes", afirmou Lautenschla.
Fonte: UOL
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