sábado, 26 de março de 2016

Templos de 1.500 anos são conservados com maconha










Monges que rezavam nos templos incrustados nas Grutas de Ellora, em Maharashtra, na Índia, estavam rodeados por maconha. De acordo com estudo publicado na revista acadêmica “Current Science”, antigos construtores usaram uma mistura de cannabis, cal e argila para revestir e proteger tetos e paredes. 


Os templos, declarados Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983, começaram a ser construídos há cerca de 1.500 anos.


O complexo é composto por 12 templos budistas, 17 hinduístas e 5 jainistas, que foram escavados na rocha entre os séculos VI e XI. Os pesquisadores Rajdeo Singh, químico da Archaeological Survey da Índia, e Milind M. Sardesai, pesquisador da Universidade Dr. Babasaheb Ambedkar Marathwada, analisaram o material usado como revestimento de um dos templos. 


Com o escaneamento com microscópio eletrônico, espectroscopia de infravermelho e análises microscópicas, eles encontraram fibras de Cannabis sativa.


A planta é mais conhecida atualmente por seus efeitos psicoativos, mas a descoberta aponta para o uso da maconha na arquitetura antiga. De acordo com os pesquisadores, é possível que a fibra tenha sido escolhida para ser misturada com cal e argila por sua característica isolante e para dar resistência à massa.


— A fibra da cannabis parece ter melhor qualidade e durabilidade que outras fibras — disse Sardesai, ao site “Discovery News”. — Além disso, a goma da cannabis tem propriedades adesivas que podem ter ajudado a cal e a argila a formar uma pasta firme.


Atualmente, a maconha é usada no “hempcrete”, concreto feito com a fibra da planta. Estudos apontam que o material seja capaz de sobreviver de 600 a 800 anos, mas os templos das Grutas de Ellora mostram que a durabilidade pode ser ainda maior, apesar de fatores hostis do ambiente, como a alta umidade durante os períodos de chuva.


— Ellora provou que apenas 10% de cannabis em misturas com cal e argila podem durar por mais de 1.500 anos — disse Singh.


Por comparação, a maconha não foi usada nos templos das Grutas de Ajanta, construções da mesma região, do século II, mas que apresentam sinais mais agudos de degradação. Segundo Singh, por lá os insetos danificaram ao menos 25% das pinturas, o que não aconteceu em Ellora.


Segundo os pesquisadores, habitantes de Ellora no século VI já conheciam propriedades da maconha como a habilidade de regular a umidade no interior da caverna, ser resistente a pestes, retardar a propagação do fogo e as propriedades de absorção d’água.


— Infelizmente, na Índia a cannabis ficou má falada por causa das propriedades narcóticas — disse Sardesai. — Mas os artistas antigos conheciam o seu lado bom.





Fonte: Extra

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