A
descoberta de ferramentas de pedra e ossos de animais no estado da
Flórida demonstra que o homem viveu no sudeste dos Estados Unidos há
mais de 14.550 anos, 15 séculos antes do que se pensava, segundo uma
pesquisa publicada nesta sexta-feira na revista americana Science
Advances.
"Esta
descoberta abre uma nova porta para o passado, para tratar de
compreender a história do povoamento da América", afirmou Jessi
Halligan, professora de antropologia da Universidade do Estado da
Flórida e coautora do estudo.
"É
muito emocionante porque pensávamos que sabíamos como e quando os
primeiros homens chegaram aqui, mas isso agora mudou", completou.
Muitos
lugares arqueológicos da América do Norte datam de cerca de 13.200
anos, o que remete ao período chamado Clóvis, que foi por muito tempo
considerado como a primeira cultura americana.
Os
ancestrais dos indígenas chegaram da Sibéria há provavelmente 15.000 ou
16.000 anos atravessando a Beríngia, um pedaço de terra submersa hoje
no estreito de Bering, para chegar ao Alasca, território ainda hoje
coberto de geleiras.
Apenas cinco lugares em todo o continente remontam a mais de 13.200 anos, afirmaram os pesquisadores.
Evidências
arqueológicas que datam de 14.000 a 15.000 anos mostram que os homens
estavam bem adaptados ao seu entorno nos estados do Texas, Washington,
Oregon, Pensilvânia, Wisconsin e na América do Sul.
"Está claro que o povoamento do continente americano é mais antigo do que pensávamos", concluem os pesquisadores.
Os
objetos foram encontrados em espessas camadas de sedimentos no fundo de
um poço de oito metros e no fundo do rio Aucilla, a 45 minutos da
capital do estado, Tallahassee, e consistem em oito ferramentas de pedra
e no canino de um mastodonte, uma espécie de mamute. O canino tinha
marcas profundas feitas com um instrumento.
Um segundo olhar
Halligan
e seu colega, Michael Waters, da Texas A&M University, decidiram
reexaminar o sítio, onde trabalharam entre 2012 e 2014. Conseguiram
extrair mais ferramentas de pedra e ossos de vários animais extintos e
realizar datações usando a técnica do isótopo carbono 14.
Daniel
Fisher, paleontólogo da Universidade de Michigan (norte), que também
participou do trabalho, disse que a pesquisa mostrou claramente que
estes primeiros caçadores americanos não aceleraram a extinção dos
mastodontes e de outros grandes animais pré-históricos, ao contrário do
que pensam alguns paleontólogos.
"Os
indícios reunidos no sítio na Flórida mostram que os humanos e a
megafauna coexistiram durante ao menos 2.000 anos", disse o cientista.
A
análise de esporos fossilizados de fungos Sporormiella, que só crescem
nos excrementos animais, mostra que a extinção destes grandes mamíferos
aconteceu há cerca de 12.600 anos na América do Norte.
Fonte: Yahoo!
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