O casal vive sobrevoando as ruas, dos pontos mais altos das casas para as árvores. Às vezes, os gaviões parecem namorar, dando a impressão de que a família vai crescer. Mas são vizinhos indesejáveis para quem já foi vítima de um ataque-surpresa, no Méier, Zona Norte do Rio.
“Eu pensei que tinha caído um galho de árvore, porque foi uma pancada muito forte. Eu fui pra frente no impacto, o portão veio junto comigo. Quando eu abaixei e coloquei as mãos no rosto, eu olhei e ele ia voando em direção a uma mangueira”, lembra a moradora Sônia.
Na varanda do 4º andar de um prédio, Jandira também já sentiu a força das garras e do bico de um gavião. “Eu senti a pressão na minha cabeça. Quando vi, estava sangrando pelo rosto, ele tinha me atacado.
Fiquei com uma cicatriz na testa e outra na cabeça”, conta. A ameaça é antiga e surge sempre na mesma época do ano. Nos meses de agosto e setembro, os gaviões fazem os ninhos e buscam alimentos para os filhotes.
Podem ficar mais agressivos na tentativa de controlar uma área e proteger a família. De acordo com o biólogo Alexandre Araújo, da UFRJ, pelo menos cinco espécies da ave vivem na Região Metropolitana do Rio.
Os grandes quintais de antigamente viraram prédios e, há mais de uma década, os gaviões fazem ninhos nas árvores que sobraram. “Esse casal deve ter uns 15 anos de idade, são bichos que têm uma longevidade relativamente grande.
Então, você pode ter umas três ou quatro gerações de gaviões ocupando o bairro já faz tempo”, explica o biólogo. Os moradores já tentaram pedir ajuda.
“Eu liguei para o 193, dos bombeiros, eles me passaram o telefone do Ibama, um 0800, que me passou para outro telefone do Ibama. Eu liguei e eles me informaram que não podiam fazer nada”, lamenta a moradora Maria Pinheiro.
Os gaviões são fortes e realmente podem machucar as pessoas. Ao mesmo tempo são aves e têm que ser protegidas. O que fazer?
Segundo o Ibama, em caso de ataques ou risco à população, cabe ao Corpo de Bombeiros capturar os gaviões, mas o Corpo de Bombeiros informou que não faz esse tipo de captura.
A Secretaria Estadual de Ambiente informou que vai pedir a uma equipe técnica que avalie essa situação dos ataques no Méier e informou também que vai entrar em contato com o Ibama. Sobre o assunto, o RJTV conversou com o biólogo do zoológico Marcos Jabour.
RJTV: O que as pessoas devem fazer para evitar ataques dos gaviões?
Marcos Jabour: Recomendamos que os moradores fiquem mais atentos ao ambiente, tentando localizar os pontos de observação do gavião e os locais de maior incidência de ataques e até o uso de bonés ou chapéus para evitar os acidentes.
É importante que as pessoas tentem manter a calma e não gritem, não atirem objetos nos gaviões? Isso pode deixá-los mais agressivos?
Isso os deixa mais agressivos. Eles escutam muito bem, enxergam melhor ainda. Qualquer tipo de som mais estridente, movimento brusco, correria ele pode identificar como ameaça ao ninho e pode atacar.
Existe um período do ano ou horário do dia em que esses animais são mais agressivos? Durante toda a época reprodutiva deles, que vai de agosto até fevereiro. Mas localmente o ciclo vital deles dura uns 70 dias. Os filhotes já estão mais crescidos e cessam um pouco os ataques.
Fonte: RJTV
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