quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Calçada dos Gigantes, uma obra grandiosa da Mãe Natureza

Um mundo de pedras criado por gigantes? Ou destruído por eles, durante uma de suas batalhas?

Obra da natureza, em um jogo de temperaturas extremas, dando novos ângulos a pedras disformes?

A Calçada dos Gigantes, uma bizarra formação basáltica, pode aceitar qualquer explicação.

Esse conjunto de 40 mil colunas poligonais mostra como as pedras podem surpreender os humanos e també
m se transformar em uma imensa escultura ao ar livre.

Embora vikings e nórdicos devam ter sido os primeiros a dar de cara com essas pedras que parecem ter sido talhadas e polidas (foto) por seres de outros tempos, foi o bispo de Derry, em 1692, quem relatou sua existência aos círculos culturais de Dublin. Dois anos depois, Sir Richard Bukeley, um estudioso do Trinity College (Dublin), apresentou uma pesquisa científica e iniciou a polêmica de como as rochas haviam se transformado em polígonos.

O local, situado na costa do condado Aitrim, é a maior atração turística da Irlanda do Norte e também Patrimônio Mundial pela UNESCO. Estando tão pertinho, eu não poderia perder essa oportunidade.

Depois de duas horas de ônibus desde Belfast, chego ao campo das pedras. Comigo também vem a chuva. Coloco as câmeras para fora e a água insiste em molhar as lentes.

Mas não desisto, como faz metade dos visitantes que procuram um abrigo. Apenas preciso redobrar minha atenção, pois os blocos estão encharcados e resvalam com mais facilidade. I

sso me obriga a olhar para baixo, onde piso, com mais cuidado. Os blocos são hexagonais, mas também descubro alguns pentagonais ou de sete lados.


As colunas naturais da Calçada dos Gigantes convida os mais ágeis a encontrar seu próprio caminho, saltando entre as pedras.


Um olhar mais atento revela que algumas colunas possuem pedras convexas e outras côncavas. Estas, por causa da chuva, acumulam pequenas poças de água. Mais uma razão para ser cauteloso.

A paisagem varia entre o cinza e o negro. Com o céu fechado, o cenário parece se transformar em uma foto branco-e-preto.

Penso no que faria aqui o fotógrafo Sebastião Salgado, rei da imagem monocromática. Buscaria formas? Contrastes? Paisagens abertas?

Resolvo continuar a busca pela cor, mesmo se tarefa difícil. Quanto mais me aproximo do mar, mais vejo marcas da maré alta. Dentro das piscinas naturais, encontro algas. O cinza ganha, de repente, uma nova cor: o verde.


Como uma escadaria usada por um gigante, pedras descem até o mar, misturando-se com as algas que parecem vestir cada uma delas.


Mais além, as algas são amarelas. Os liquens sobre as pedras mostram um pálido tom de laranja. Meus olhos buscam enquadramentos criativos, diferentes.

Os detalhes são mais chamativos, mas também preciso de belas paisagens abertas, mesmo se o clima parece ser de inverno.

Quando começo a ser repetitivo, busco outros ângulos e trato de colocar pessoas nas fotos. A chuva amaina e as mais ousadas tomam coragem e querem ver, de perto, o espetáculo.

Os alegres visitantes parecem peões saltitantes, movendo-se de pedra em pedra. Uma ilha de colunas, em uma península que avança em direção à Escócia, convida os mais afoitos a descobrir os segredos do basalto.


A maré alta marca as colunas de basalto com uma coloração mais escura, enquanto que as pedras que não são atingidas pelas ondas ganham uma coloração amarela por causa de liquens.


Cerca de 700 mil visitantes passam pela Calçada dos Gigantes por ano. Todos acreditam na explicação científica dada pelos monitores e encontrada nos livros.

As colunas teriam sido formadas há 60 milhões de anos quando um lago de lava secou-se de forma homogênea.

O esfriamento produziu uma contração e, em seguida, um padrão regular de fissuras, parecido com o processo da lama que se seca e se rompe em fragmentos geométricos.

Essas rachaduras aprofundaram-se verticalmente, de cima para baixo, formando as colunas tridimensionais. Também por causa da contração, as colunas partiram-se horizontalmente, em pedaços.

Mas a história poderia ser outra. Uma lenda conta que o gigante irlandês Fionn Mac Cumhaill teria construído o calçadão de pedra para ir lutar contra o gigante escocês Benandonner, do outro lado do mar. Mas quem atravessou primeiro foi Benandonner.


A Calçada dos Gigantes é o resultado do impacto do calor e do frio em um lago de lava basáltica. Mas, quem sabe dois gigantes não participaram da construção?


Fionn ao perceber que o escocês era maior que ele, disfarçou-se, então, de bebê. O invasor, ao ver um filhote de gigante quase de seu tamanho, não ousou se deparar com o “pai” da criança e fugiu em desespero, destruindo a Calçada dos Gigantes que unia a Irlanda à Escócia.



Fonte: Blog Viajologia/Viajando com Haroldo Castro




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