Muitos dos tubarões-martelo que são abatidos para atender à demanda asiática por sopa de barbatanas de tubarão começam sua vida em águas das Américas, de acordo com um novo estudo forense.
Pela primeira vez, cientistas empregaram o DNA obtido das barbatanas de tubarões para determinar a origem dos animais.
Os pesquisadores encontraram no maior mercado mundial de barbatanas, em Hong Kong, amostras de barbatanas de tubarões-martelo que podem ser traçadas a populações raras de animais do Atlântico e do Indo-Pacífico.
O comércio de barbatanas de tubarões abastece os mercados asiáticos com o ingrediente essencial para a sopa de barbatanas de tubarão, um prato de luxo.
A prática custa a vida de até 73 milhões de tubarões a cada ano, entre os quais três milhões de tubarões-martelo.
Depois de extraída a barbatana, os peixes são em geral lançados de volta ao mar para morrer.
Porque o vasto influxo de barbatanas de tubarão para os mercados mundiais em geral opera sob sigilo, os especialistas em conservação ecológica não tinham informações sobre os locais em que os tubarões são mortos.
E os governos não poderão controlar esse comércio caso não saibam quantos tubarões estão sendo capturados e abatidos em suas águas.
O mercado de barbatanas de tubarão é como "um território de faroeste, que ninguém fiscaliza", diz Demian Chapman, o diretor do estudo e hoje pesquisador do Instituto de Ciências da Conservação Oceânica, parte da Universidade Estadual de Stony Brook, Nova York.
Mas a nova técnica de identificação por DNA, que ela desenvolveu na Universidade Nova Southeastern, pode servir como ferramenta para o controle do comércio de tubarões, afirmou.
Por exemplo, os governos poderiam usar dados de DNA obtidos de barbatanas a fim de criar cotas que impeçam a exploração excessiva.
Mapeamento do DNA de tubarões-martelo
Chapman e seus colegas obtiveram pequenas amostras de tecidos de 62 barbatanas de tubarões-martelo, no mercado de Hong Kong.
As barbatanas dessa espécie podem ser vendidas por até US$ 120 cada no mercado de Hong Kong, e são muito procuradas porque, quando cozidas, se desfazem em partes parecidas com macarrão, que dão textura à sopa.
A equipe em seguida realizou o sequenciamento de DNA de uma parte específica do genoma do tubarão e comparou os resultados a um "mapa" de sequências obtidas junto a projetos de pesquisa em todo o mundo.
Os resultados demonstram que 57 das barbatanas testadas em Hong Kong provinham de tubarões ou do Atlântico ou do Indo-Pacífico.
Cerca de 21% das 57 barbatanas se originavam de tubarões-martelo do Atlântico Ocidental, o que inclui o Golfo do México e costa americana do Atlântico, em águas que se estendem até o Brasil.
São populações que a União Internacional pela Conservação da Natureza considera como em risco. Descobrir tantos tubarões provenientes das águas do Atlântico Ocidental, onde esses animais se tornaram escassos, surpreendeu a equipe, segundo Chapman, e sugeriu que ainda existe excesso de pesca na região.
Tubarões, o topo da cadeia alimentar
Os tubarões estão em rápido declínio em todo o mundo, e perder o topo da cadeia alimentar marinha poderia ter vasta repercussão sobre o restante do oceano, e até mesmo para os seres humanos, disse Chapman.
Por exemplo, um mar sem tubarões poderia permitir a cardumes de espécies predadoras, como as arraias, atingir praias e exterminar espécies de peixes exploradas comercialmente.
O declínio dos tubarões também perturba porque espécies de tubarão existem há quase 500 milhões de anos no planeta, disse Chapman.
"Não creio que alguém deseje ser parte da geração que exterminou um animal que vive no oceano há tanto tempo", disse.
Fonte: Terra
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