quarta-feira, 10 de março de 2010

Reino Unido: Análise de sepultura romana revela que York foi uma sociedade multicultural



Arqueólogos britânicos descobriram que africanos negros e ricos viviam na Britânia, em um dos primeiros exemplos de multiculturalismo do país.

Técnicas de pesquisa científica revelaram que um túmulo suntuoso continha o esqueleto de uma mulher, uma pulseira de marfim, um frasco de perfume, espelho e jóias, e pertencia a uma norte africana da alta sociedade de York no século 4.

A análise isotópica dos dentes revelou que a água bebida durante a sua infância continha minerais somente encontrados na África do Norte.

As medidas cranianas também revelaram que a "Ivory Bangle Lady" (Dama do Bracelete de Marfim) era negra ou mestiça.

Seu sarcófago, que foi feito de pedra, um sinal de riqueza imensa na Grã-Bretanha romana, foi descoberto em 1901 em Bootham, York.


Reconstrução do rosto da Dama do Bracelete de Marfim


A cidade era então uma fortaleza de legionários e um assentamento civil chamado Eboracum, fundada pelos romanos em 71 d.C.

Seus restos bem conservados indicaram que tinha 1,50 metros de altura, e idade entre 18 e 23 anos. Não havia sinais de uma morte violenta, e as marcas musculares mostraram que não viveu uma vida árdua, sugerindo que era rica.

Entre os objetos encontrados em seu túmulo estava um osso com a inscrição " Sor ave vivas in Deo" (Salve, irmã, você pode viver em Deus), sugerindo que também poderia ter sido uma cristã.

Uma pulseira de âmbar negro, provavelmente de Whitby, North Yorkshire, mostrou que tinha acesso as redes de comércio locais.



Pesquisadores do departamento de arqueologia da Universidade de Reading acreditam que uma pulseira de marfim, um artefato encontrado raramente na Britânia, pode ter sido mantida pela mulher como uma lembrança de casa.

Hella Eckardt, que realizou o estudo, disse: "A Grã-Bretanha multicultural não é apenas um fenômeno dos tempos modernos.

A análise da 'Ivory Bangle Lady' e de outros como ela, contradiz suposições sobre a composição das populações romano-britânicas, bem como a visão de que os imigrantes africanos eram de status baixo, do sexo masculino e que podiam ter sido escravos ".

Ela disse que a "Ivory Bangle Lady" foi muito rica - "absolutamente no topo da sociedade de York". "A ligação entre a escravidão e os africanos é moderna. No mundo romano, isso simplesmente não era o caso. Os escravos na época romana podiam vir de qualquer área ".

Ela acrescentou que as inscrições desse período mostraram que pessoas africanas, eram frequentemente, membros do poder imperial.

Mas as últimas pesquisas numa série de esqueletos mostrou que os homens africanos haviam imigrado para a Inglaterra, invariavelmente, com o exército romano, e trouxeram suas esposas e filhos.

A Drª Eckardt continua: "Nós estamos olhando para uma mistura da população que é muito mais próxima da Grã-Bretanha contemporânea do que os historiadores anteriores haviam suspeitado. No caso de York, a população romana pode ter tido uma origem mais diversificada do que a cidade tem agora.

"Este crânio é particularmente interessante, porque o sarcófago de pedra em que foi enterrada e a riqueza do espólio, mostram que era uma mulher muito rica."

A pesquisa, A Lady of York, migration, ethnicity and identity in Roman Britain, foi publicada na edição de março da revista especializada Antiquity. A "Ivory Bangle Lady" será a peça central de uma exposição no Museu de Yorkshire, em agosto, intitulada Roman York : Meet the People of the Empire.


Tradução: Carlos de Castro


Fonte: Times Online


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