No assentamento Catalhoyuk, na Turquia, parece que as pessoas não viviam em famílias, mas as sociedades se organizavam de forma completamente diferente, mostra reportagem publicada na "New Scientist".
Descobertos em 1958, os muitos prédios de Catalhoyuk são construídos tão próximos uns dos outros que as pessoas tinham que entrar pelo telhado.
Os habitantes mantinham plantações e animais domésticos, e fizeram algumas experiências com pinturas e esculturas.
Eles também enterravam seus mortos debaixo dos pisos das casas, sugerindo que as pessoas eram enterradas onde elas viviam.
Diante dessa informação, Marin Pilloud, do Laboratório Central de Identificação em Hickam, no Havaí, percebeu que podia relacionar quem morava junto.
Com Clark Spencer Larsen, da Universidade do Estado de Ohio, Marin mediu detalhadamente os dentes de 266 esqueletos, para que pudesse ter um parâmetro do quão próximos eram aqueles indivíduos.
O resultado da pesquisa publicada no "American Journal of Physical Anthropology" mostra que pessoas com relações de parentesco próximas têm dentes mais parecidos do que indivíduos que não são da mesma família.
Pilloud acreditava que Catalhoyuk tinha sido organizado mais como um bairro moderno, com pequenos núcleos familiares vivendo juntos e definindo a comunidade.
Logo, pessoas que moravam juntas provavelmente teriam relações de parentesco muito próximas. Mas ela não descobriu nenhum parente junto.
- Não parece que indivíduos que estavam enterrados juntos eram familiares. Provavelmente, Catalhoyuk não foi organizado em função das famílias nucleares - disse ela.
Assentamentos mais recentes costumam mostrar traços fortes de relações familiares, mas nenhum outro da Idade da Pedra foi analisado desta forma, então não há como saber se essa prática era comum na época.
Estamos acostumados à ideia de que viver em contato próximo com nossos parentes ajuda a promover nossa própria herança genética e a manter nossos bens ao longo das gerações.
Marin acredita que Catalhoyuk desenvolveu sua estrutura social quando as pessoas começaram a se estabelecer em um lugar e a plantar, em vez de caçar.
- Faz muito sentido a mudança para uma sociedade centrada na comunidade com a adoção da agricultura - ela diz.
As pessoas pareciam viver juntas o ano todo e trabalhavam juntas para produzir a comida necessária para criar uma comunidade forte, mais do que apenas cooperar com os parentes.
Outra explicação poderia ser que sociedades de caçadores naquela época eram menos centradas na família do que pensávamos.
Kim Hill, da Universidade do Estado do Arizona descobriu que as sociedades modernas de caçadores são extremamente fluidas, com tanto homens quanto mulheres geralmente deixando as famílias. Isso significa que muitos indivíduos dentro de um grupo não têm qualquer relação de parentesco.
A sociedade de Catalhoyuk parece muito semelhante, acredita Hill:
- Isso pode indicar que tais padrões são antigos, comuns, e persistiram mesmo no processo de transição do início da colheita para a agricultura.
Fonte: O Globo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário