sábado, 3 de março de 2012

Após registro de suicídios em aldeias de MT, indígenas creem em 'feitiçaria'


Ministério confirmou a morte de três índios este ano em Mato Grosso. Equipe de saúde mental foi para a região do Araguaia para monitorar casos.

“É feitiçaria. É dessa maneira que entendemos essas mortes”. Foi assim que o indígena Samuel Yriawana Karaja definiu os casos de suicídio que ocorreram em aldeias da etnia Karajá na região de São Félix do Araguaia, cidade distante 1.159 km de Cuiabá.

Uma equipe de saúde mental do Ministério da Saúde viajou na quinta-feira (1º) até o local para monitorar a situação.

Ao G1, o Ministério confirmou o suicídio de três indígenas ocorridos entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, porém, as lideranças das aldeias contabilizam um número maior de mortes.

“Apenas na aldeia Santa Isabel do Morro foram quatro mortes assim. Em outras aldeias aconteceram outros casos apenas neste ano”, revelou Samuel, que trabalha como assessor indígena no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) da região do Araguaia.

Conforme o Ministério da Saúde, “as causas desses três óbitos ainda estão sendo investigadas por uma equipe de saúde mental” composta por antropólogos e psicólogos.

E é uma equipe como esta que está desde a manhã de quinta-feira na região para avaliar os casos.

Ainda de acordo com o Ministério, por enquanto não há como definir a causa das mortes porque isso "faz parte de uma rede complexa de fatores".

Já para os indígenas, os casos de suicídios são tratados como problemas espirituais.

“No entendimento do povo Karajá, isso se trata de feitiço. Inclusive pedimos para o Ministério trazer um pajé do Xingu para resolver essa situação”, explicou Samuel Karajá.

Ele mora na aldeia Teribré e diz que depois que o líder espiritual foi até algumas aldeias da região, nenhuma morte ocorreu. “Ele veio e desfez o feitiço. Agora isso [as mortes] não acontece mais”, afirmou.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Saúde está estruturando uma rede de atendimento para os indígenas que precisem de suporte em saúde mental.

A orientação do Ministério da Saúde é que caso haja problemas desta natureza em alguma aldeia, que as lideranças busquem atendimento das equipes de saúde indígena, pois há psicólogos entre os profissionais.

Sobre a informação de que mais mortes teriam ocorrido, a assessoria de imprensa do Ministério afirma que a os números são atualizados apenas uma vez por mês.



Fonte: G1

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