Quando as águas do rio Madeira recuam, no período de seca, é possível ver desenhos gravados na pedra, em formas geométricas ou de animais.
Essas gravuras podem ter sido feitas há milhares de anos, por povos que viveram na Amazônia e dos quais ainda pouco se sabe sobre seus hábitos e estilo de vida.
São cinco áreas com extensos pedrais contendo gravuras rupestres, que ficam encobertas no período das chuvas pelo rio, nas proximidades de Porto Velho (RO).
Só tem um problema: com a construção de uma barragem no rio, a Usina Hidrelétrica de Santo Antonio, esse importante vestígio da presença humana vai ficar definitivamente submerso.
A Santo Antonio Energia, concessionária responsável pela usina, contratou duas empresas especializadas em arqueologia para resgatar esses desenhos, a brasileria Scientia e a portuguesa Dryas.
Essas empresas estão usando tecnologia 3D para escanear as gravuras, com equipamentos que conseguem registrar os desenhos com alta precisão e qualidade. No total, mais de 2 mil imagens foram coletadas.
Depois do registro digital, os pesquisadores vão reconstituir os pedrais em modelos virtuais, para que as pedras sejam estudadas em laboratório e associadas às ocupações dos sítios arqueológicos localizados às margens do rio.
Com o trabalho, será possível saber como viveram esses habitantes, e determinar a idade dos desenhos – em sítios arqueológicos próximos da região, arqueólogos já encontraram vestígios que datam de mais de 7 mil anos.
O resgate arqueológico, uma das condicionantes impostas pelo Ibama para que a usina pudesse entrar em operação, é um dos projetos que está dando certo, mas a usina não é isenta de críticas.
Santo Antonio, assim como a usina de Jirau, também no rio Madeira, enfrenta a acusação de que estimula o desmatamento da floresta amazônica.
O governo também é criticado, pois a falta de políticas para atender ao aumento de população que chega com a usina está gerando graves problemas sociais em Porto Velho.
Fonte: Época
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