Os ursos polares são capazes de nadar grandes distâncias, uma
habilidade potencial de sobrevivência necessária em um ambiente ártico
onde os bancos de gelo do mar no verão estão desaparecendo, mostrou um
estudo conduzido pelo Serviço Geológico dos EUA na terça-feira.
O estudo, publicado no Canadian Journal of Zoology, acompanhou 52
ursos polares fêmeas no Mar Beaufort, no sul do Alasca. Entre 2004 e
2009, um período de extrema redução do gelo no verão, cerca de um terço
dos ursos fez nados que superaram 48 km de distância, de acordo com os
resultados do estudo.
Os 50 nados ultramaratonistas registrados foram de, em média, 155 km, e
uma ursa foi capaz de nadar quase 354 km, de acordo com o estudo. A
duração dos nados de longa distância foi desde quase um dia até cerca de
10 dias.
Os movimentos dos ursos foram rastreados por meio de colares com GPS
(sistema de posicionamento global).
Todos os animais no estudo eram do
sexo feminino porque os pescoços dos ursos polares machos são muito
grossos para os colares, explicou Karen Oakley, bióloga do Alasca USGS
Science Center.
Muitos dos ursos polares no estudo tinham filhotes com eles, e parece
que pelo menos alguns dos filhotes - que não estavam com os colares -
foram capazes de acompanhar suas mães na água, disseram funcionários do
USGS.
Os cientistas conseguiram monitorar 10 dos ursos estudados ao longo de
um ano e descobriram que seis ainda tinham seus filhotes, afirmou o
cientista-chefe em um comunicado divulgado pelo USGS.
"Estas observações
sugerem que alguns filhotes também foram capazes de nadar longas
distâncias. Para as outras quatro fêmeas com filhotes, não sabemos se
elas perderam seus filhotes antes, durante, ou em algum momento após
seus nados longos", disse Anthony Pagano, um cientista do USGS e autor
principal do estudo, em um comunicado.
Embora a capacidade demonstrada de nadar longas distâncias provavelmente
seja uma boa coisa para os ursos polares, os cientistas estavam
preocupados com os animais consumindo energia demais em seus esforços
para viajar em mar aberto, afirmou o comunicado da USGS.
Oakley disse que a amostra do estudo era pequena demais para tirar
conclusões sobre o destino de toda a população de ursos polares, que em
2008 foi considerada ameaçada de extinção e recebeu proteção da Lei de
Espécies Ameaçadas por causa do aquecimento rápido em seu habitat
ártico.
O estudo simplesmente descreve o comportamento que foi observado,
explicou Oakley. "É muito interessante que, de fato, eles possam nadar
longas distâncias, e os filhotes possam nadar longas distâncias", disse
ela. "Será que todos os filhotes que tentam nadar essas longas
distâncias sobrevivem? Nós não sabemos."
Os cientistas não sabem se a natação de longa distância é um novo
comportamento, afirmaram funcionários do USGS. A tecnologia para
rastrear os nados de longa distância com precisão não estava disponível
no passado, explicou Oakley à Reuters. "A tecnologia GPS, que é
relativamente nova, é o que nos permitiu realmente fazer a análise real
em profundidade disso", disse ela.
Mas os ursos polares, provavelmente, não tinham a oportunidade ou a
necessidade de fazer esses nados longos naquela parte do Ártico no
passado.
Segundo a pesquisadora, nas décadas passadas, os ursos polares
sempre conseguiram descansar sobre o gelo flutuante disponível no verão.
"Essas longas distâncias de águas abertas não costumavam existir no Mar
Beaufort", disse ela. "Será que eles nadavam estas distâncias muito
longas? Bem, eles não precisavam porque eles não estavam lá."
Fonte: Terra
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