quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A caverna mais isolada do mundo tem “superbactérias” de 4 milhões de anos



A caverna Lechuguilla, localizada no estado do Novo México, Estados Unidos, ficou isolada do mundo por mais de 4 milhões de anos.


Isso fez dela um dos mais primitivos ecossistemas da Terra. A boa notícia é que ela está cheia de bactérias resistentes aos antibióticos modernos, chamadas de “superbactérias”.


A caverna foi isolada do resto do mundo devido a uma espessa camada de pedra que se formou à sua volta. 
 
 
Só a água conseguiu penetrar através das rochas, mas o caminho é tão minúsculo e sinuoso que levou dez mil anos para se alcançar a caverna. 
 
 
O que significa que nenhuma nova forma de vida conseguiu chegar lá até que uma entrada fosse escavada em 1984.


É por isso que a descoberta das bactérias resistentes é tão intrigante. Não apenas pelo fato destas bactérias terem evoluído sem contato com a medicina moderna, mas também porque elas têm vinte vezes a idade dos humanos. 
 
 
Mas isso não significa que a caverna seja uma bomba relógio bacteriana. Afinal, nenhum dos tipos encontrados poderia causar doenças nos humanos. Elas são como “superinsetos” no que diz respeito à sua resistência aos antibióticos, e não ao seu perigo para nós.


E por que isso é uma boa notícia? Bom, algum motivo existe para que essa resistência tenha surgido, e a explicação mais óbvia é que os organismos tenham encontrado antibióticos naturais – possivelmente produzidos por elas mesmas ao se defrontarem com micróbios próximos que competiam pelo espaço. 
 
 
Quando surgiram os antibióticos, elas tiveram que brigar com eles, como observa o pesquisador Gerry Wright, da Universidade McMaster:


“O nosso estudo mostra que a resistência a antibióticos é algo instintivo da bactéria, ela poderia ter bilhões de anos, mas nós só estivemos tentando entendê-la nos últimos 70 anos. Isso tem implicações clínicas importantes. Isso sugere que há muito mais antibióticos no meio ambiente, que poderiam ser encontrados e usados para curar infecções atualmente incuráveis”.


Os pesquisadores dizem ainda que, entre todos os diferentes tipos de bactérias encontrados na caverna, eles puderam identificar praticamente todas as formas de resistência antibiótica conhecida pela ciência médica. Um deles ainda mostrou uma forma de resistência ainda não conhecida em um ambiente clínico. 
 
 
É um tipo levemente ligado às bactérias do antraz, é bom ter um aviso precoce desta ameaça em potencial. A descoberta dá aos cientistas uma chance para que sejam preparados remédios para isso.


Outro feito da descoberta é mostrar o quão disseminada é a resistência a antibióticos nas bactérias, e que o surgimento deste tipo de resistência se deve a outros fatores além de uma má administração das drogas por parte de humanos. 
 
 
Os pesquisadores encontraram bactérias resistentes a pelo menos um antibiótico, e algumas que resistiam a dúzias deles.


A descoberta ajuda a explicar porque essas “superbactérias” conseguiram surgir tão rápido em hospitais e fazendas, os lugares onde mais se usa os antibióticos. Os estudos mostram que “superbactérias” causadoras de doenças levariam milhares, talvez milhões de anos para surgirem sem alguma ajuda.


E a ajuda, no caso, vem das bactérias inofensivas do ambiente. Elas não causam doenças, mas são diferentemente resistentes a antibióticos, e a resistência pode ter evoluído há milhões ou bilhões de anos atrás. 
 
 
Essas bactérias mortais trocam genes com as resistentes e pegam tudo o que precisam para ganhar a imunidade aos antibióticos que as ameaçavam.


Como dito acima, a descoberta é um grande passo para a medicina, mas que ainda não se concretizou completamente: nós ainda precisamos encontrar esses antibióticos naturais.


Talvez eles estejam na própria caverna ou então no DNA das bactérias. Pelo menos até lá temos a consciência de que a resistência a antibióticos é um problema muito mais antigo do que acreditávamos.
 
 
 
 

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