Coração financeiro do Rio, o centro da cidade pulsa
acelerado. Ao longo de todo o dia, carros e ônibus cortam as ruas e
milhares de pessoas caminham pelas calçadas de pedras portuguesas.
Mas,
quando a noite cai, o cenário fica diferente. Segundo relatos
históricos, personagens assombrosos surgem na madrugada em prédios
seculares da região. A Cinelândia e a Praça 15 são as moradias
preferidas de fantasmas famosos.
O sucesso das supostas aparições é tanto que tem atraído turistas de
todo o mundo. Há 30 anos guiando gringos e brasileiros, o historiador
Carlos Roquette conta que muita gente desembarca no Rio em busca de roteiros pouco convencionais.
Com isso em mente, montou um tour que inclui os “contos do além”. Os
relatos misturam o fantástico a histórias do Rio dos séculos 18 e 19.
— Eu faço todos os roteiros pelo centro, Cristo Redentor, Pão de
Açúcar, etc. Mas tem gente que busca coisas específicas, diferentes,
como almas penadas.
A igreja e o convento do Carmo, o Theatro Municipal e até a Alerj
(Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) guardam “causos”
assustadores.
Em geral, segundo Roquette, os fantasmas ilustres da noite
carioca - que vão desde Tiradentes à esposa traída de Dom Pedro 1º -
levaram mágoas e desilusões para o túmulo. Conheça as histórias e veja os "locais mal assombrados".
O fantasma de Tiradentes
Líder da Inconfidência Mineira, movimento que lutou contra o domínio
português no Brasil, Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado em 21 de
abril de 1792 por ordem da Coroa.
Mais de 200 anos depois, o fantasma
de Tiradentes vaga pelos extensos corredores da Alerj, ao lado da Praça
15, segundo dizem funcionários.
O prédio, que ganhou o nome de Palácio
Tiradentes, foi construído no terreno onde ficava a Cadeia Velha, última
morada do inconfidente.
Leopoldina, a mulher traída de Dom Pedro 1º
Em 1817, a igreja da Ordem Terceira do Carmo, em frente à Praça 15,
foi palco do casamento da Imperatriz Leopoldina com Dom Pedro.
Apesar
dos sete filhos, a relação passou longe de ser uma grande história de
amor. Nove anos após o matrimônio e humilhada pelas sucessivas traições,
ela morreu por complicações de um aborto, enquanto o marido passava uma
temporada em Portugal.
A lenda diz que a mágoa e o rancor acumulados
nos anos ao lado de Dom Pedro foram levados para o túmulo.
Seria esse o
motivo de Dona Leopoldina assombrar até hoje a igreja do casamento e o
local onde morou no Brasil, o Palácio São Cristóvão — onde atualmente
funciona o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista (zona norte).
Dona Maria, a louca
Vizinho à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o convento do Carmo foi
confiscado em 1808 com a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro.
O
prédio comprido no número 101 da avenida 1º de março foi moradia
da rainha de Portugal, que ficou famosa como Dona Maria, a louca.
O
apelido, foi fruto dos devaneios e surtos causados pela doença mental que
a acompanhou nos últimos anos de vida.
Isolada, sofrida e fora de si,
ela morreu em 1816, aos 81 anos, em sua primeira e única casa
brasileira. Hoje, há relatos de que a alma de Maria 1ª perambule pelo
velho convento, no qual foi pregada a placa que resume sua estadia em
terras cariocas: “Pelas janelas deste prédio faziam-se ouvir as
manifestações de demência da rainha-mãe”.
Theatro Municipal
O Theatro Municipal, maior referência da praça da Cinelândia, abriga
três fantasmas, segundo conta Carlos Roquette.
O mais famoso é o de
Arthur Azevedo, jornalista e teatrólogo que lutou pela construção do
prédio. Seria ele o responsável pelo discurso de inauguração, em 1909.
No entanto, sua morte, um ano antes, mudou os planos. A honra das
primeiras palavras do novo teatro coube ao amigo Olavo Bilac, um dos
maiores poetas do País.
Desde então, o espírito de Arthur sobe ao palco
toda madrugada para fazer o discurso interrompido pela morte.
Outros
relatos dão conta de uma cantora de ópera com cabelos desgrenhados, que
solta a voz nos parapeitos do teatro. Por lá vaga também a alma de um
violinista morto a tiros por um maestro dentro do prédio.
A alma da Mãe do bispo
Paralelo ao Theatro Municipal, na esquina das ruas Evaristo da Veiga e
Treze de Maio, o prédio amarelado, onde hoje funciona uma agência
bancária, era residência de Ana Teodoro Ramos Mascarenhas, mãe do bispo
José Justino Mascarenhas.
Em meados do século 18, o endereço era o local
escolhido para pessoas desabafarem seus problemas. Diziam que Dona Ana
escolhia as histórias que mais lhe agradavam e pedia ajuda ao filho — à
época, os bispos representavam grande poder.
Surgiu daí a expressão “vá
se queixar com a mãe do bispo”. Ana Teodoro morreu no início do século
19, mas há quem diga que já esbarrou com ela debruçada sobre as janelas,
como se ainda esperasse pelas lamúrias do povo.
Freiras e funcionários "fantasmas" da Câmara
Ainda na Cinelândia, o prédio onde funcionava o antigo Cinema Pathe
foi erguido no terreno que abrigava o Convento da Ajuda.
Entre 1750 e
1910, o local acolhia freiras que faziam doces para vender. Expulsas
após a demolição, as “irmãs” voltaram para assombrar a antiga habitação,
diz o historiador.
O banheiro masculino, à direita da recepção, é o
principal alvo. A alguns metros dali fica a Câmara dos Vereadores do
Rio, erguida em 1923 e onde há inúmeros relatos de ex-funcionários
"fantasmas" que passeiam pelos corredores.
Fonte: R7
Um comentário:
Funcionarios fantasmas na Camara dos Vereadores? hahahahahaha Cliche!
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