segunda-feira, 11 de março de 2013

Governantes do Antigo Egito sofriam de desnutrição e tinham expectativa de vida de 30 anos


Assim como a população comum, governantes tinham de lidar com a fome, dezenas de doenças infecciosas e com os altos índices de mortalidade infantil.

Os governantes do Antigo Egito não viviam em boas condições de saúde, nem eram rodeados pela opulência que se imaginava.

Ao contrário, assim como a população comum, tinham de lidar com a fome, sofriam de desnutrição e de dezenas de doenças infecciosas e tinham índices altíssimos de mortalidade infantil.

As descobertas foram feitas pelo projeto Qubbet el-Hawa, realizado em parceria pelas Universidades de Jaen e de Granada, ambas na Espanha, e pela Suprema Corte de Antiguidades da República Árabe do Egito.


Para o levantamento, foi escavada a tumba número 33 da necrópole Qubbet el-Hawa, em frente à cidade de Aswan, cerca de 1.000 quilômetros ao sul do Cairo.


A tumba foi construída durante a 12ª Dinastia (1.939 – 1.760 a.C.), para abrigar os corpos de um dos principais dignitários da região de Aswan, cuja identidade permanece desconhecida.


O local foi reusado pelo menos três vezes, nas Dinastias 18ª, 22ª e 27ª, e é uma das maiores tumbas da necrópole, com grande potencial arqueológico, uma vez que abriga ao menos uma câmara que permanece intacta, contendo três sarcófagos de madeira decorados.


Múmias — Foram encontrados mais de 200 esqueletos e múmias na tumba número 33. Os resultados iniciais do trabalho revelam características físicas dos egípcios antigos, e quais as condições de vida do período.


"Embora o nível cultural da época seja extraordinário, a análise antropológica dos restos humanos revela que a população em geral e os governantes (classes mais altas) viveram em condições nas quais a saúde era precária, no limite da sobrevivência", diz Miguel Botella Lopez, da Universidade de Granada.


De acordo com os pesquisadores, a expectativa de vida mal chegava aos 30 anos de vida, já que sofriam de problemas como má nutrição e desordens gastrointestinais severas — devido ao consumo de água contaminada do Nilo.


O fato foi revelado porque os ossos de crianças encontrados não tinham marcas, o que demonstra que elas morreram de alguma doença infecciosa grave. Na tumba havia, ainda, um grande número de múmias de jovens adultos, com idades entre 17 e 25 anos.


Pigmeus — Segundo Miguel Botella, as tumbas da necrópole de Qubbet el-Hawa contêm inscrições que são "de grande importância histórica, não apenas para o Egito, mas para toda a humanidade".


Na tumba do Governador Herjuf (2.200 a.C.), por exemplo, as inscrições descrevem as três jornadas que ele fez pela África Central, durante uma das quais trouxe para casa um pigmeu — essa é supostamente a menção mais antiga sobre esse grupo étnico.


Outras inscrições relatam relações do Egito com a vizinha Núbia (atual Sudão) ao longo de um período de cerca de 1.000 anos.


Os governantes de Aswan, local onde foi encontrada uma tumba construída durante a 12ª Dinastia, também mantinham relações e tinham filhos com a população de Sudão, país vizinho.


Por essa razão, Qubbet el-Hawa é um dos lugares arqueológicos mais importantes do Egito, não apenas devido às descobertas já feitas, mas também pela quantia de informações que contêm sobre saúde e doenças, e relações interculturais em tempos antigos.




Opinião do especialista

Julio Gralha
Especialista em Antigo Egito e professor da Universidade Federal Fluminense

"A maior novidade do estudo é a descoberta do que os governantes também tinham uma má qualidade de vida, com expectativa de vida apenas de 30 anos — acreditava-se que viveriam até por volta dos 45 anos. Outro dado importante diz respeito à menção sobre os pigmeus. Isso mostra que as expedições egípcias são muito antigas, e que chegavam até a região central do continente."


O Antigo Egito

 

ANTIGO IMPÉRIO (3200-2100 a.C.): 


O período começa com a unificação de diversas tribos e clãs em um estado único, dominado por um faraó, que, além de ter o poder político, também é considerado um deus.


Tido como a primeira era de florescimento consolidado da civilização egípcia, o Antigo Império é conhecido como a época das pirâmides, onde eram sepultados os faraós. São erguidas as famosas pirâmides de Gizé.


IMPÉRIO MÉDIO (1975-1640 a.C.):  


Depois do antigo império, uma série de revoltas acontecem para tentar diminuir o poder dos faraós, dando início a um período de fragmentação política.


O poder central volta a ser concentrado no Império Médio, tendo como novo centro a cidade de Tebas. O Egito passa por um momento de estruturação.


Não acontecem grandes expansões territoriais. Os faraós mantêm relações diplomáticas com outros reinos na atual Turquia, Síria e Palestina.


No campo social, é no Império Médio que o ritual de mumificação deixa de ser um privilégio exclusivo dos faraós e passa a ser adotado também por cidadãos de posses.


IMPÉRIO NOVO (1550-1070 a.C.):  


É o momento em que o Egito vive uma grande expansão territorial e se beneficia do desenvolvimento da arte e da economia.


No Império Novo, o Egito controla boa parte do mundo conhecido à época, uma área que vai do atual Sudão ao começo da Síria.


Reinam alguns dos mais famosos faraós, como Akhenaton, Tutankhamon, Seti I e Hamsés II. Depois desse apogeu, o estado egípcio começa a se enfraquecer e é invadido por outros povos, como os persas.


ÉPOCA GREGA (332-30 a.C.): 


O domínio grego começa com a invasão do Egito por Alexandre, o Grande, e a expulsão dos persas. Após a morte de Alexandre, seus vastos domínios foram divididos entre seus generais, passando o governo do Egito para Ptolomeu.


O centro de poder muda de Tebas para Alexandria e o Egito vive um período de grande desenvolvimento científico e econômico. Elementos da vida grega, inclusive seus deuses, passam a conviver com a cultura egípcia.


O último descendente de Ptolomeu no controle do Egito foi Cleópatra VII, famosa rainha amante dos generais romanos Júlio César e Marco Antônio. Após ser derrotada por Otaviano, futuro imperador Augusto, ela se suicidou.


* Fonte: Julio Gralha, professor da Universidade Federal Fluminense




Fonte: Veja 

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