Bloco de arenito foi enviado quatro anos depois para universidade, mas só em 2011 foi descoberta sua importância para a ciência.
A história da descoberta dos fósseis de pterossauro é extremamente
singular. Tudo começou quando um bloco de arenito com alguns dos fósseis
foi descoberto em 1971 por dois lavradores - Alexandre Gustavo Dobruski
e seu filho, João Gustavo Dobruski - quando escavavam valetas para
escoamento das águas em uma estrada rural. Em 1975, imaginando que se
tratava de fósseis, enviaram amostras para análise na Universidade
Federal de Ponta Grossa (UFPG), no Paraná.
Os fósseis
ficaram várias décadas guardados cuidadosamente na UFPG. Em 2011, Paulo
César Manzig, professor do Centro de Paleontologia (Cenpaleo) da
Universidade do Contestado em Mafra (SC) e autor principal do estudo que
descreve a descoberta, passou por lá para fotografar materiais para seu
livro de divulgação científica Museus e Fósseis da Região Sul do
Brasil, feito em coautoria com Luiz Weinschütz, coordenador das
pesquisas no Cenpaleo.
"Não sou especialista
em pterossauros, mas graças a um livro escrito pelo professor Kellner
(Alexander Kellner, do Museu Nacional, um dos autores do estudo), também
de divulgação científica - Pterossauros - Os Senhores do Céu do Brasil
-, identifiquei na hora que se tratava desse tipo de animal", disse
Manzig.
"Quando o professor Manzig me avisou sobre a
descoberta, a princípio fiquei cético. Não havia pterossauros descritos
fora do Nordeste. Ele me enviou a foto da amostra por e-mail e eu levei
menos de um minuto para me convencer. Fiquei até nervoso. Eram ossos de
um filhote de pterossauro", contou Kellner.
Mas como saber
de onde viera o fóssil encontrado na UFPG? Só havia uma pista: o
professor Luiz Carlos Godoy, da UFPG, havia contado que a espécie fora
levada há muitos anos por alguém de Cruzeiro do Oeste.
Uma
coincidência acabou sendo decisiva para o estudo: ao buscar informações
na prefeitura da cidade, Manzig encontrou o funcionário da prefeitura,
João Dobruski, que havia descoberto o bloco de arenito com seu pai. O
novo animal recebeu o nome de Caiuajara dobruskii em homenagem aos
descobridores e ao ancestral deserto Caiuá, que existia no Cretáceo.
"A
história dessa descoberta é uma prova da importância da divulgação
científica. Esperamos que com a repercussão na imprensa apareçam muitos
outros Dobruskis", disse Manzig.
Imediatamente após o
contato com Dobruski, os cientistas iniciaram os preparativos para a
pesquisa, ainda em 2011, com a descrição do perfil estratigráfico do
local do sítio fossilífero. A Universidade do Contestado fez convênios
com a prefeitura de Cruzeiro do Oeste e o Museu Nacional da UFRJ. Em
julho de 2012 iniciaram-se as escavações.
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário