sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Humanos começaram a usar o fogo regularmente há 350 mil anos atrás em Israel

O uso controlado do fogo ajudou a humanidade a chegar ao topo da cadeia alimentar, além de permitir a dispersão humana em climas mais frios. Crédito da Imagem: Reuters


Peças de sílex encontradas em Tabun Cave apresentam de alteração de fogo, como manchas negras e vermelhas, enquanto outras peças apresentam cúpulas (negativos de fragmentos arredondados, similares a bolhas, causados pelo fogo).


Tabun Cave, nas montanhas Carmel no norte de Israel, onde foram encontradas evidências da presença humana há 500 mil anos atrás.


A caverna foi descoberta nas falésias calcárias do Monte Carmel cerca de 22 km ao sul Haifa, Israel.


Machados de mão (bifaces) estão entre os artefatos que foram descobertos nos níveis sedimentares de Tabun Cave, Israel.





Os seres humanos começaram a usar fogo habitualmente há apenas 350.000 ~ 320.000 anos atrás, no Pleistoceno Médio, de acordo com uma análise de detritos de sílex encontrados em uma caverna em Israel.


Este estudo apresenta evidências de uso de fogo que remontam até um milhão de anos atrás, mas centra-se no uso regular de fogo.


Uma equipe internacional liderada por Ron Shimelmitz da Universidade de Haifa examinou líticos (artefatos de pedra) e demais fragmentos provenientes do sítio arqueológico Tabun Cavenas, nas falésias calcárias de Monte Carmel, no norte de Israel.


A caverna foi habitada há pelo menos meio milhão de anos, o que permitiu uma análise da evolução, passo a passo, da utilização de fogo. Cerca de 27 metros de areia, silte e argila formados ao longo de anos ajudaram a datar sinais habitação humana em cada camada.


Sílex de diferentes camadas mostraram vários graus de exposição ao fogo com os mais novos enegrecidas ou de cor vermelha, rachados, e parcialmente arredondadas; enquanto os das camadas mais antigas não apresentavam estas evidências.


Com base no aumento da freqüência de pedras queimadas, a equipe concluiu que o uso regular do fogo se desenvolveu entre 350.000 e 320.000 anos atrás no Mediterrâneo oriental.


“Os benefícios do fogo para processamento de alimentos, alteração de matéria-prima ou melhoramento das interações sociais seriam plenamente realizadas somente quando o uso do fogo mudou de oportunista e ocasional para habitual (regular), podendo ser assim que as antigas fogueiras surgiram, mas esta última continua a ser simplesmente uma hipótese para o momento” disse o Dr. Ron Shimelmitz.


Como o fogo raramente se espalha em cavernas, os cientistas acreditam que os líticos foram queimados em fogueiras construídas dentro da caverna por humanos pré-históricos. Mas, como as fogueiras surgiram ainda é desconhecido.


Acredita-se que o fogo tenha desempenhado um papel fundamental na evolução de maiores cérebros humanos, mas há 350 mil anos atrás, no Paleolítico inferior, é tarde demais para o fogo influenciar um aumento do cérebro, podendo ter, na verdade, desempenhado um papel fundamental nas origens do comportamento social.


Milhares de peças de sílex com sinais de exposição ao calor e ao fogo foram descobertas em Tabun Cave. Elas começam a aparecer no periodo do Paleolítico inferior, há 350 mil anos atrás.


O controle de fogo também foi um elemento-chave que permitiu que os primeiros seres humanos se espalhassem em climas mais frios, mas essa expansão já tinha começado muito antes de 350 mil anos atrás.


Alguns antropólogos acreditam que o fogo desempenhou um papel fundamental na evolução dos primeiros hominídeos cerca de dois milhões de anos atrás, quando os nossos dentes e intestinos tornaram-se menores. Além de estabelecer a espécie como um predador de topo, o fogo permitiu que alimentos fossem cozinhados (ou assados) e forneceu mais calorias com menos gasto de energia. 
 


Artigo Publicado no Journal of Human Evolution: ‘Fire at will’: The emergence of habitual fire use 350,000 years ago





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