quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Criaturas bizarras de contos antigos: podem ser reais?

Uma gravura de Henricus Petrus, 1544, mostrando (da esquerda para direita) um monopé, uma ciclope fêmea, gêmeos siameses, um Blêmia e um cinocéfalos (Wikimedia Commons)


Em antigos relatos históricos, é difícil distinguir o mito da realidade. Isso ocorre porque os antigos utilizavam complicados modos de descrição que confundem o leitor moderno. 


Às vezes, os relatos misturam fatos e ficção. Também podemos ver a distorção dos fatos ao longo do tempo, como se historiadores estivessem brincado de ‘telefone sem fio’ ao longo dos séculos.


Algumas criaturas relatadas por esses contos vão além das mais surreais fantasias modernas. No entanto, elas são descritas com muita naturalidade ao lado de eventos, pessoas, lugares e animais reais.


Aqui estão duas criaturas, uma levemente estranha, e outra realmente muito estranha.



Centícora


A característica mais marcante do Centícora, também conhecido como Eale ou Yale, são seus chifres giratórios. Ele foi primeiramente mencionado por Plínio, o Antigo (23-79 d.C.), no seu livro “História Natural” (Livro VIII). 


Ele descreve o Centícora como sendo: “Do tamanho de um hipopótamo, com rabo de elefante. Possui coloração preta ou marrom escuro, mandíbulas como a de um javali. Tem chifres móveis, com mais do que meio metro de comprimento. Em batalha, ele pode os manter firmes ou movê-los. Assim, os chifres podem ser perigosos ou não, dependendo da necessidade”.


Esta criatura não é tão diferente de algumas que conhecemos hoje. Poderia Plínio estar tentando descrever um antílope, um gnu ou uma criatura similar a partir de relatos de segunda mão?



Representação de um Centícora (Heraldic Clip Art/Wikimedia Commons)


Hugh Stanford London, autor de vários livros sobre heráldica, se interessou pelo Centícora devido ao seu aparecimento no brasão de armas da Família real britânica. 


Séculos após a menção de Plínio, o Centícora apareceu novamente em bestiários medievais, e na sala de armas do filho caçula do Rei Henrique IV, John, Duque de Bedford e Conde de Kendal.


London escreveu que “O Yale [ou Centícora] também foi incluído entre os animais que foram introduzidos no telhado da Capela de St. George, no Castelo de Windsor, em 1925 a mando do rei, e.. ele foi um dos 10 animais que a rainha deixou exposto na Abadia de Westminster, no momento de sua coroação, e que agora estão no grande salão em Hampton Court”.


A.H. Longhurst, que estudou a história indiana, disse a London que o Centícora pode ser baseado em uma criatura mítica conhecida há milhares de anos no sul da Índia, a Yali. 


Yali é muitas vezes descrita como uma combinação de elefante, cavalo e leão. A forma do Centícora tem variado bastante, mas, observou London, “Uma característica é constante: sua habilidade de girar os chifres, girando um para frente enquanto o outro fica para trás para proteção”.


A Universidade de Yale não é nomeada por causa da criatura, mas sim por causa do fundador Elihu Yale. Mas, o mítico Centícora, ou Yale, aparece em alguns lugares no campus, como na bandeira do reitor da Universidade. O marechal da procissão que convoca os graduados também possui um bastão com uma escultura da cabeça de um Yale no topo.



Blêmias



A 19 edição do Dicionário de Frases e Fabulas (Brewer’s Dictionary of Phrase and Fable) define Blêmias como: “Uma antiga tribo nômade Etíope mencionado por escritores romanos como habitantes de Nubia e do alto Egito. É dito que eles não possuem cabeça, seus olhos e boca estão no peito.”




 Um ilustração de um Blemmye nas Crônicas de Nuremberg, 1500



O dicionário menciona Blêmias em sua entrada para Caora: “Um rio foi descrito pelos viajantes Elisabetanos, e nas margens dele, habitava um povo cujas cabeças cresceram sob seus ombros. Seus olhos estavam em seus ombros, e suas bocas no meio de seus seios.”


Parece que os Blêmias certamente eram uma tribo de pessoas consideradas uma ameaça para a fronteira sul e para segurança interna do Egito no período romano. Eles se engajaram em conflitos com os romanos dos séculos 3 e 4 d.C.


Criaturas semelhantes a humanos, em contos, são frequentemente representações distorcidas de pessoas estrangeiras, estranhas ou ameaçadoras para aqueles que os descreveram.


Asa Mittman descreveu os Blêmias alegoricamente em “Maps and Monsters in Medieval England”(Mapas e monstros na Inglaterra medieval): “Suas cabeças, o assento espiritual, afundaram em seus corpos carnais. O Blêmia é um homem que se tornou um corpo puramente físico, uma entidade material, cujo olhos no peito são, tomando emprestado de Leonardo Da Vinci, janelas apenas para o corpo.” 




Estas representações monstruosas podem simplesmente mostrar que estas pessoas são depravadas ou desumanas, de acordo com a opinião dos cronistas.





 Fonte: Epoch Times

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